Convocação de Constituinte que pode aumentar poderes de Maduro aumenta tensão na Venezuela
Líderes da oposição classificam a convocação de uma Assembleia Constituinte como o mais novo capítulo do golpe de Estado na Venezuela. Na segunda-feira, o presidente Nicolás Maduro ordenou a criação de um grupo para “reformar o Estado e redigir uma nova Constituição”.
A Assembleia Constituinte teria 500 membros, sendo metade eleita por setores sociais, e o restante, escolhido por municípios e territórios. A atual legislação, aprovada em 1999 após a chegada de Hugo Chávez ao poder, permite a convocação, mas a manobra foi duramente criticada.
Os principais rivais do governo alertam que a nova Constituição tem como objetivo levar à dissolução do Parlamento, que é controlado pela oposição.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, acusa Nicolás Maduro de enganar o população, para consumar o golpe de Estado. Borges pediu que a população volte às ruas para protestar contra a convocação da Constituinte.
Em entrevista a uma emissora de TV local, o presidente da comissão responsável pela ativação da consulta, Elías Jaua, defendeu a manobra. Jaua afirmou, ainda, que a convocação da Assembleia Constituinte vai proteger o legado deixado pelo ex-presidente Hugo Chavéz.
Em entrevista a Vitor Brown, o professor de Relações Internacionais, Alcides Costa Vaz, da Universidade de Brasília, aposta em um aumento das tensões. O professor Alcides Costa Vaz avalia que a convocação da Assembleia Constituinte tende a ampliar os poderes do governo de Nicolás Maduro.
A oposição pede que as eleições presidenciais sejam antecipadas, mas o presidente descarta que a nova Constituição inclua esta possibilidade. Em nota, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, classificou a manobra como um golpe. O Itamaraty condena a escalada autoritária na Venezuela e afirma que a ação marca mais um momento de ruptura da ordem democrática.
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