Corte de despesas poderia superar receita da CPMF, afirma presidente da CNI

  • Por Jovem Pan
  • 04/02/2016 12h26
Foto: Miguel Ângelo Miguel Ângelo / CNI

 Para o presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Robson Braga, os indicadores ruins da economia em 2015 devem continuar este ano e, se a intenção é ter alguma melhora em 2017, é fundamental realizar reformas estruturais: “Estamos na expectativa de que o governo mande para o Congresso as medidas estruturais necessárias. (…) Só teremos uma situação melhor em 2017 se aprovarmos reformas como a da previdência e a administrativa, melhorarmos as condições da legislação trabalhista e fizermos o governo gastar menos”.

Mas ao contrário do recomendado pelo especialista, ao invés de cortar gastos, o governo pretende aumentar a receita com a volta da CPMF. Braga afirma que seria mais benéfico poupar com uma redução das despesas do que contar com a receita prevista do imposto: “Com estudos que temos, o governo tem como cortar despesas, em um nível até superior ao das receitas previstas da CPMF. As empresas quando tem dificuldades fazem isso. Não adianta aprovar a CPMF, resolver o problema de curto prazo do governo do ajuste fiscal e no médio e longo prazo continuar com as mesmas dificuldades”.

As exportações, por outro lado, apresentam um panorama positivo com a alta do dólar, que melhora a competitividade, e a inclinação do governo de fazer acordos internacionais. Braga aponta que a mudança de governo na Argentina também deve ajudar a indústria brasileira. Mas com a retração do mercado interno, mais demissões podem ocorrer: “A indústria deve demitir mais esse ano, em alguns setores importantes como a indústria automobilística, siderúrgica e na construção civil, setores que sempre alavancaram o desenvolvimento e crescimento da indústria brasileira”.

Braga afirma que um dos maiores problemas para as empresas hoje é a falta de capital de giro: “Temos uma indústria diversificada que está penalizada. O governo tem colocado recursos, principalmente através do BNDES, para investimento, mas precisamos de recursos para capital de giro e renegociação das dívidas. (…) Precisa ter redução da taxa de juros. Não tem empresa que possa tomar empréstimo com os juros nesse patamar”.

O especialista reitera a importância da reforma previdenciária e analisa que é possível ter uma crise semelhante à que ocorreu na Grécia: “O problema é que muitos corporativismos dos trabalhadores e funcionários públicos continuam achando que o Brasil é capaz de manter uma previdência com as mesmas regalias. Mas o que vai acontecer (sem a reforma) é que daqui 15 ou 20 anos, vai ter um número enorme de aposentados que não vão poder receber seus recursos porque a previdência não vai ter dinheiro para pagar. É o que aconteceu com a Grécia e é o cenário que estamos criando se continuarmos com o corporativismo que existe hoje”.

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