Corte no orçamento “tira poder de investigação” da PF, diz delegado federal

  • Por Jovem Pan
  • 29/12/2015 10h26

Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR)

Frame/Folhapress Polícia Federal

Delegados da Polícia Federal decidiram pressionar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que ele tome uma atitude em defesa da corporação, que é vinculada à pasta. Em carta aberta protocolada nesta segunda-feira (28), 37 delegados da PF cobram do ministro “menos discurso e mais ações efetivas do Ministério da Justiça em defesa da Polícia Federal”.

Em entrevista à Jovem Pan, o vice-diretor da Regional de São Paulo da Associação dos Delegados da Polícia Federal, delegado federal Edson Garutti, afirmou que a PF tem percebido o processo de “desmonte” da corporação há alguns anos e que eles não podem ficar calados perante tal situação e deixar a sociedade aceitar isso. “Tivemos um corte no orçamento de R$ 133 milhões a menos, do que já era pouco para a Polícia [Federal]. Está havendo cortes recorrentes, isso tira a estrutura, tira pessoal, tira poder de investigação”.

Os delegados querem a realização de “todos os atos institucionais necessários para impedir que a Polícia Federal seja alvo de um processo de sucateamento em razão do cumprimento da sua competência constitucional: combater o crime organizado, os crimes decorrentes dos desmandos políticos e econômicos e a corrupção”.

Para Garutti, o corte no orçamento da PF não é adequado. “Entendemos que o Brasil está passando por um momento de crise, mas cortar na Polícia Federal, neste momento, não é adequado de forma alguma. Cortar na PF é cortar a instituição que deu a chance do Brasil de sair daquele buraco”, disse.

Questionado se tais cortes afetariam operações da corporação como a Operação Lava Jato, o delgado federal destacou a demanda de recursos: “as investigações, ainda mais sensíveis e complexas como a Lava Jato, demandam recursos humanos e materiais. Os cortes no orçamento são feitos de forma genérica, mas a distribuição do dinheiro vai conforme a necessidade vai surgindo. Menos dinheiro é menos dinheiro para tudo”.

Em trecho da carta, os delegados pedem a defesa da Polícia. “Caso Vossa Excelência reconheça a sua impossibilidade política em defender a Polícia Federal, os delegados exigem, então, que apoie e se engaje, ao lado da instituição, na busca pela autonomia orçamentária e financeira da Polícia Federal, por meio de gestões para a aprovação da PEC 412/2009, que tramita no Congresso Nacional, a qual garantirá a desvinculação da Polícia Federal do manto do Ministério da Justiça e que permitirá à instituição Polícia Federal se defender por seus próprios meios contra o processo de desmonte que a ela está sendo imposto”.

O orçamento previsto inicialmente para a corporação atingia R$ 1 bilhão. O corte de 13%, no entanto, imposto pelo Congresso atinge o coração de atividades, como operações especiais de combate a malfeitos contra o Tesouro, segundo eles.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o ministro da Justiça informou que vai encaminhar uma carta à Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal “demonstrando que não há desmonte, mas o fortalecimento da Polícia Federal como toda a sociedade brasileira sabe”.

*Com informações de Agência Estado

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