CPI da Merenda pode reconvocar testemunhas após depoimento de lobista
O principal suspeito de operar o esquema de fraude na merenda confirmou à CPI da Assembleia Legislativa que dois ex-assessores de Fernando Capez pediram dinheiro em troca de favorecimento à Coaf.
O lobista Marcel Júlio prestou depoimento a portas fechadas no fim da manhã desta terça-feira (11) no plenário Dom Pedro I.
Inicialmente, ele se negou a responder perguntas dos parlamentares trazendo até um documento do Tribunal de Justiça para justificar porque ficaria calado.
Com o tempo, no entanto, ele começou a dar algumas informações e mencionou que Jéter Rodrigues e José Merivaldo dos Santos pediam propina a ele.
De acordo com o lobista, os dois ex-assessores do presidente da Assembleia o ameaçavam dizendo que o contrato da Coaf com a Secretaria da Educação poderia ser cancelado.
Ao sair correndo do plenário, Marcel Júlio isentou Fernando Capez, mas não explicou porque citou o deputado na delação premiada à Procuradoria Geral de Justiça.
“Eu não tive envolvimento de dinheiro com o deputado Capez, s´po com os dois assessores deles. [Eu citei o Capez] por causa dos assessores”, disse.
O depoimento de Marcel Júlio vem um dia depois da TV Globo ter divulgado a delação premiada em que o lobista indicou que pagava as propinas que seriam direcionadas à campanha eleitoral de Capez.
O deputado estadual Alencar Santana Braga (PT) afirmou que tanto Júlio quanto o advogado dele confirmaram o conteúdo do documento na sessão secreta da CPI e que possuem provas que corroboram as afirmações.
“O conteúdo da delação é verdadeiro. É o segundo depoimento que confirma o primeiro, tem provas, documentos. O advogado disse que tudo que está ali é verdade”, disse.
O breve depoimento de Marcel Júlio pode fazer com que o jogo da CPI da Merenda volte algumas casas no tabuleiro.
O deputado estadual Barros Munhoz (PSDB) admitiu que a Comissão deve reconvocar alguns depoentes.
“Tem algumas que não deveriam nem ter sido convocadas. Mas as principais sem dúvida alguma”, explicou.
Fernando Capez disse desconhecer Marcel Júlio e quaisquer outros integrantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar.
O presidente da Assembleia Legislativa insistiu que o nome dele foi utilizado indevidamente por outra pessoa que deseja obter vantagens e que a investigação precisa apontar quem é essa pessoa.
O primeiro depoimento da sessão desta terça da CPI da Merenda foi da servidora da Secretaria da Educação Dione Pavan, que admitiu ter perdido documentos relativos à Coaf.
Além disso, ela disse não saber como isso aconteceu, não sabe porque foi exonerada no mês passado e afirmou não ter relações com a Cooperativa tampouco ter ido a Bebedouro, cidade-sede da entidade.
*Informações do repórter Tiago Muniz
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