CPI do Theatro Municipal: Delatores apontam secretário como líder de desvios
Delatores da CPI do Theatro Municipal voltam a dizer que o secretário de Comunicação do prefeito Fernando Haddad, Nunzio Briguglio Filho, liderou desvios de verbas na instituição.
O jornalista é acusado de assinar contratos com o cineasta Toni Venturi, para produção de campanhas e vídeos institucionais que jamais foram veiculados. O material foi finalizado e entregue à Prefeitura de São Paulo há cerca de um ano.
Na época, a gestão municipal engavetou as produções, mas decidiu manter a realização dos pagamentos aos responsáveis pelo projeto.
Em depoimento nesta quarta-feira (31), o ex-diretor da Fundação Theatro Municipal, José Luiz Herência, destacou que as licitações eram fraudulentas. Segundo ele, a vitória da produtora Olhar Imaginário, de Toni Venturi, já estava prevista.
“O que houve foi a contratação da empresa Olhar Imaginário e ato contínuo para poder legitimar essa contratação, a apresentação de Toni Venturi, com o consentimento do secretário de comunicação e com o nosso consentimento também, de outras duas propostas que comporiam uma falsa tomada de preço”, disse.
O ex-diretor da Fundação Theatro Municipal, José Luiz Herência, acrescentou que o secretário Nunzio Briguglio cobrou agilidade para efetuar os pagamentos.
Já o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Gestão da Cultura, responsável pela administração do Theatro, Willian Naked, ressaltou que o esquema foi “muito bem-feito”.
“O Herência me informou que o Nunzio queria e precisava fazer um vídeo. quando disse que não tinha dinheiro, disse que ia passar. E que, em todo caso, é uma ação da Secretaria de Cultura. E foi, por sinal, muito bem-feito”. afirmou.
Willian Naked e José Luiz Herência fecharam acordos de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo.
A promotoria calcula que o esquema teria causado prejuízo de pelo menos R$ 15 milhões aos cofres públicos, entre 2013 e 2015. O maestro John Neschling, diretor cultural do Theatro Municipal, não compareceu à CPI, nesta quarta-feira.
A esposa dele, Patrícia Neschling, cumpriu mandato de condução coercitiva e foi à sessão, mas permaneceu calada, durante o depoimento.
*Informações do repórter Victor Brown
Em resposta à reportagem, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo enviou à Jovem Pan a seguinte nota**:
A Secretaria de Comunicação da PMSP informa que o secretário Nunzio Briguglio foi acusado de ter indicado o cineasta Toni Venturi para produzir um trabalho para o IBGC (Instituto Brasileiro de Gestão Cultural), a OS que administra o teatro, e não para a Prefeitura. Acusação que ele desmentiu, com ênfase, em seu depoimento na mesma CPI.
Com relação à não veiculação dos vídeos, o secretário também explicou no seu depoimento que a decisão foi primeiro do senhor José Luís Herência e depois do interventor Paulo Dallari. O material havia sido produzido com o objetivo de atrair investidores e patrocinadores para o teatro, ação que evidentemente se esvaiu, pelo menos temporariamente, com a revelação do esquema de corrupção praticado pelo mesmo Herência e por William Nacked, diretor do IBGC, e que segundo a Controladoria Geral do Município desviou entre R$ 15 e R$ 21 milhões.
Se as licitações eram fraudulentas como anuncia o senhor Herência, cabe esclarecer que elas foram feitas no IBGC, sob direção de Nacked, com aprovação de Herência, diretor da Fundação Theatro Municipal à época. Ambos são são réus confessos. E estão assacando injúrias para justificar a delação premiada, com a qual esperam amenizar suas penas. Além de estarem com bens bloqueados. Os vídeos podem ser veiculados em qualquer tempo.
Secretaria de Comunicação da PMSP
**A nota foi acrescentada à reportagem em 01/09/2016, às 18h22
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