“Crime não vencerá a Justiça”, afirma ministra do STF Carmen Lúcia Rocha

  • Por Jovem Pan
  • 26/11/2015 15h46
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Antonio Cruz / Agência Brasil Carmen Lúcia Rocha

 Prisão do senador petista Delcídio Amaral e do banqueiro André Esteves é aviso de que o “crime não vencerá a Justiça”, afirma ministra do STF. Carmen Lúcia chama de navegantes de águas turvas as pessoas que pretendem fazer lobby no Judiciário em defesa de criminosos.

As prisões foram pedidas ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base em uma gravação.Na conversa, estão Delcídio, o advogado Edson Ribeiro, o chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira e Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró.

A gravação, feita em hotel de luxo em Brasília, no dia 4 de novembro, foi entregue à Justiça pelo filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras. No áudio, há uma discussão sobre meios de influenciar o STF a aceitar um habeas corpus para Nestor Cerveró, além do planejamento para levar o ex-diretor da Petrobras para o exterior, pagando uma pensão para a família dele: tudo para evitar mais uma delação premiada. O objetivo era evitar que Cerveró comprometesse Delcídio e o banqueiro André Esteves.

Em sessão extraordinária, na quarta-feira (25/11), ministros da Segunda Turma do STF repudiaram as tentativas de travar as investigações e a ação da Justiça.

A ministra Carmen Lúcia afirmou que, no mensalão, ficou claro que o cinismo havia vencido a esperança. A magistrada destacou que, agora, está claro que o escárnio já superou o cinismo. Carmen Lúcia não escondeu a tristeza ao lembrar de como os brasileiros ainda se espantam com o avanço da corrupção: “Na história recente de nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou no mote de que a esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a ação penal 470 e descobrimos que o cinismo venceu a esperança. E agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo”.

O ministro que recebeu o requerimento pedindo a prisão do petista e do banqueiro destaca que houve várias reuniões da quadrilha. Teori Zavascki enfatiza que Delcídio, André Esteves, Edson Ferreira e Diogo Ribeiro queriam evitar a delação premiada de Nestor Cerveró: “Repassariam vantagens financeiras a Cerveró e seus familiares. Delcídio Amaral se coloca ainda como avalista do mecanismo, postando-se como capaz de obter decisões judiciais favoráveis a Nestor Cerveró, incluindo junto a ministros da Suprema Corte”.

Decano do Supremo Tribunal Federal afirma que a prisão da quadrilha mostra que a falta de bons costumes provoca a corrupção. Celso de Mello destaca que as leis devem valer para todos, poderosos ou não: “Ninguém está acima das leis, nem mesmo os mais poderosos agentes políticos governamentais, seus líderes parlamentares e respectivos associados em atividades alegadamente criminosas”.

Um dos ministros citados por Delcídio Amaral, Dias Toffoli, negou qualquer contato para favorecer Nestor Cerveró. E o ministro Gilmar Mendes também refutou qualquer conversa com o senador do PT ou com o vice-presidente Michel Temer.

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