Crise compromete pesquisas para vacinas contra zika e dengue
A crise política e institucional do Brasil já afeta o desenvolvimento de pesquisas e pode comprometer os avanços das vacinas contra dengue e zika vírus. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, explica que apesar de não ser o único afetado, o setor não sai ileso, apesar do seu caráter emergencial: “Apesar da zika e a dengue serem problemas tão importantes em nosso País, a gente não consegue conversar de outra coisa a não ser da crise política, institucional e econômica que estamos vivendo, quem está em um modelo de urgência, como nós, sofre ainda mais”.
Mas o imunologista é cauteloso quando fala da expectativa da liberação de recursos federais para seguir com as atividades. Diz estar confiante no esforço do Ministério da Saúde para efetivar o repasse de cerca de R$ 36 milhões nos próximos dias.
O Governo chegou a dizer que o dinheiro prometido não tinha saído pela falta do envio de um documento pelo Instituto Butantan: “A ciência não consegue ser planejada da forma que a gente planeja muitas ações, dependendo dos resultados a gente vai mudando. Mas já nos acertamos bem com o ministério, acredito que consigam liberar essa semana”.
Enquanto o imbróglio não desata, Jorge Kalil conseguiu um financiamento de US$ 1,5 milhão de um instituto americano. Tudo isso enquanto participava da reunião de emergência da OMS em Genebra na semana passada. O negócio foi rápido, simples, direto. O que gera, invariavelmente, comparações: “É bem mais rápido apesar deles não estarem em sistema de urgência como nós”.
Segundo Kalil, não há muito que fazer em relação aos prazos para o desenvolvimento da vacina contra o zika. Ela deve ficar pronta em 2019. Mas, se for realmente ficar comprovado que o pernilongo comum pode transmitir o vírus, o processo pode ganhar novo fôlego: “Talvez sensibilize ainda mais as pessoas”. São necessários R$ 30 milhões para pesquisas sobre zika e outros R$ 300 milhões para a terceira fase de testes da vacina da dengue.
Informações: Carolina Ercolin
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