Crise de desabastecimento na Venezuela muda cotidiano na fronteira de Roraima
Crise de desabastecimento na Venezuela muda o cotidiano de município do norte de Roraima. Pacaraima tem pouco mais de 11 mil habitantes e está localizada a 250 quilômetros da capital Boa Vista.
Há cerca de um mês, a cidade passou a ser visitada todos os dias por turistas venezuelanos que vêm atrás de alimentos e outros produtos básicos. A procura alterou completamente a rotina do município que passou a ter lojas abertas de domingo a domingo e viu explodir o número de comércios.
Segundo a Associação Comercial e Industrial de Pacaraima, antes da crise na Venezuela, havia cerca de 15 estabelecimentos que vendiam alimentos. Hoje este número passa de 100, o que tem causado problemas para as autoridades locais.
A secretária de Administração do município, Isabel Dávila, afirmou que muitos comerciantes mudaram de ramo para atender a demanda dos venezuelanos. “Tinham comerciantes que vendiam pneus e estavam vendendo também produtos alimentícios ou eram cabeleireiros e vendiam produtos alimentícios”, contou.
Ela reconheceu a importância do comércio para o município, mas disse que Pacaraima não estava preparada para a invasão de venezuelanos. “Eles vêm com os carros grandes e está acarretando esses buracos nas ruas. Tivemos que fazer adequações com coletas de lixo, porque não tinha essa demanda”.
Enquanto a Prefeitura do município tenta se adaptar, por outro lado, os comerciantes comemoram a vinda dos turistas.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Pacaraima, Juliano Torquato dos Santos, destacou o aumento no movimento das lojas. “Eu acredito que cresceu em torno de 500% ou mais. Hoje a gente teria umas 25 empresas que trabalha no ramo alimentício, hoje tem mais de 100 empresas”.
Segundo a entidade, entre mil e duas mil pessoas cruzam a fronteira diariamente em busca dos produtos brasileiros.
Juliano Torquato dos Santos explicou que a procura chegou a causar a falta de alguns produtos no município. “Como o fluxo muito grande de produto, nem o Estado de Roraima e nem do Amazonas suportou essa quantidade de demanda. Então está vindo mercadoria do Brasil, mas da região centro-oeste para abastecer. Não chegou a desabastecer 100%, mas teve escassez em Roraima, principalmente arros e açúcar”, disse.
A procura dos venezuelanos fez subir o preço de produtos como o arroz e a farinha. Além disso, a moeda que mais circula no município deixou de ser o real e passou a ser o bolívar.
*Informações do repórter Anderson Costa
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