Crise decorre do federalismo truncado do Brasil, afirma ex-professor de Cambridge
A edição do Jornal da Manhã desta sexta-feira (26/02) contou com a participação do economista e sociólogo Eduardo Giannetti da Fonseca. Atualmente professor do Insper, Eduardo Giannetti já lecionou na Universidade de Cambridge e na FEA/USP.
Durante o Jornal, Giannetti criticou a aprovação da Lei de Zoneamento que foi aprovada com 60 novas emendas acrescentadas de última hora: “É um erro grave de procedimento”. Outra crítica do economista está relacionada à diferença de tratamento de políticos investigados: “Políticos com foro privilegiado não foram cassados e continuam mandando e desmandando na política. Empresários e empreiteiros estão presos, mas políticos estão soltos e presidindo o Congresso. Se o Joaquim Barbosa estivesse no STF essa questão estaria andando”.
Sobre a aprovação da união civil de casais homoafetivos na Itália, Giannetti explica que a religião, fator de pressão no país europeu, não deve ter relação com o direito civil: “São direitos e deveres que uma relação cria. A religião não tem nada a ver com isso”. Ao comentar o assunto em relação ao Brasil, diz: “O curioso do Brasil é que é muito permissivo na prática e muito retrógrado na lei”.
Gianetti defende uma maior autonomia dos Estados e a redução do corpo da União. Ele afirma que no Brasil existe um federalismo truncado após movimentos políticos pendulares: “São pêndulos de concentrar o poder no governo central e descentralizar nos estados. A República foi feita em nome da descentralização, o Estado Novo centralizou, a redemocratização descentralizou e ditatura militar centralizou de novo. Ao invés de mudarmos de um para outro, ficamos com um federalismo truncado e boa parte da crise decorre disso”. O economista afirma que uma maior independência estadual permitiria que o dinheiro arrecadado pelos governos pudesse ser gasto na região onde foi recolhido, algo que não ocorre hoje.
Sobre o momento de crise que o país vive, Giannetti é otimista e acredita ser possível uma recuperação: “Temos uma chance de crescer com essa crise. É nesses momentos depressivos, de adversidade, que você encontra forças para se renovar e recriar como projeto. Tenho certeza que é possível recriar o Brasil, só depende de nós”. Por outro lado, o economista aponta que seriam necessárias sete CPMFs para restabelecer a relação dívida/PIB no País.
Por fim, o professor aponta que em sua opinião existem três gênios indiscutíveis da cultura global: Aleijadinho, Machado de Assis e Pelé.
Confira a entrevista com Eduardo Giannetti da Fonseca na íntegra.
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