Crise interrompe redução de desigualdades entre negros e não-negros
Em 2015, a diferença entre as taxas de desemprego de negros e a dos não-negros voltou a crescer, chegando a 2,9 pontos percentuais.
Isso apenas um ano depois de ter atingido o menor nível na história do estudo do DIEESE, em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, a Seade. Em 2014, ela foi de 1,9 ponto porcentual.
Na pesquisa deste ano, que antecede o dia da Consciência Negra, um dado olhado assim por cima até parece positivo.
A distância entre rendimento médio real dos negros e o dos não-negros diminuiu.
No ano passado, um negro ou pardo no Brasil ganhava em média 67,7% do rendimento de um trabalhador branco ou amarelo.
Mas o economista na Fundação Seade, Alexandre Loloian, explicou que, na verdade, esse dado não é reflexo de uma boa notícia. “Porque na verdade estamos falando de um período de crise profunda e onde huve taxas de inflação elevada, desemprego, ambos motivos que corroem o rendimento real dos ocupados”, disse.
Ou seja, está ruim para todo mundo. Gevenilda Santos, é diretora da Soweto, organização negra que ajuda a elaborar a marcha da consciência negra na capital paulista, programada para o próximo domingo (20).
Ela comentou, na prática, de outros dados apurados neste levantamento do Dieese e parceria com a Fundação Seade: “dificuldade de promoção, a pesoa não consegue ser a escolhida para fazer cursos. No campo da especialização as pessoas têm mais dificuldade. São esses fatores que fazem com que o trabalhador negro permaneça na mesma posição na estrutura de emprego por muitos anos.”
Na região metropolitana de São Paulo, o único setor em que o número de negros e pardos atuando é maior do que o de brancos e amarelos é o da construção civil, que em geral, exige menor qualificação de profissionais.
*Informações da repórter Helen Braun
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