Cunha defende separação do Governo com PT e fala em candidatura do PMDB
Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira (13), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ressaltou a necessidade do Governo Dilma se separar do PT. Para ele, o PT atrapalha o Governo. “A agenda do PT é conflitante com os outros partidos da base. Tem que separar o PT do Governo”.
Cunha, no entanto, afirmou que a presidente Dilma Rousseff não precisa romper com o partido e tampouco sair deste. “Ela não precisa sair, nem romper, para ter uma agenda que não seja a do PT”, disse. “A política se dá com articulação, diálogo e demonstração de capacidade de seu poder para governar”.
Questionado se o distanciamento entre PMDB e PT é irreversível, o deputado concordou, “PT e PMDB acabaram o ciclo de andarem juntos. A agenda do PT não tem nada a ver com a do PMDB”. Eduardo Cunha reiterou que o PMDB caminha para ter seu candidato: “com certeza! PMDB tem que buscar seu caminho próprio de mostrar o que ele pensa, o que ele defende”.
Ao debaterem sobre a articulação política exercida pelo vice-presidente da República, Michel Temer, Cunha ressaltou seu trabalho e disse que ele “tem que ir até um certo momento em que cumpra a sua missão”. O deputado aconselhou ainda a conclusão da votação do ajuste fiscal e a saída do articulador e acrescentou: “No lugar dele, eu não ficaria [na articulação política]. Do jeito que está não adianta deixá-lo e não cumprir os compromissos que ele assume”.
Em defesa do Parlamentarismo
O deputado defendeu um Parlamentarismo baseado no modelo francês e português e ressaltou a necessidade de um referendo popular para que este seja aprovado. Segundo ele, “o PMDB vê isso com simpatia”.
“O Parlamentarismo, permitindo a eleição de um chefe de Estado, preservaria a imagem de um chefe de Governo”, comentou. Ele ainda completou: “a presidente não tem o apoio popular que tinha quando se elegeu. Se há motivação de impedimento, que seja na lei”.
Crise no Brasil
Para Cunha, a crise política é maior que a econômica. “PT faz o Governo mergulhar na sua própria agenda e suas próprias crises. O cidadão vê isso e quando ele vê, aumenta a desconfiança e, consequentemente, paralisa a capacidade de desenvolver a economia”, explicou.
Comando de estatais
Questionado se recuou da proposta de submeter o comando das estatais à uma aprovação prévia por parte do Congresso, Cunha afirmou não ter recuado. “Eu e Renan Calheiros [presidente do Senado] combinamos de criar uma comissão mista. O que se falou lá foi da sabatina”.
Lava Jato
O deputado é uma das pessoas cuja atuação é investigada no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras, no entanto, ele se diz “absolutamente tranquilo” em relação a isso. “Eu fui à CPI espontaneamente depor”, disse a ainda acrescentou: “não tenho dúvida que é um processo político”.
Em relação a um “desrespeito” das regras do Estado de Direito, Cunha relembrou a atuação do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa durante o julgamento do Mensalão e disse que “não dá para achar que vai prender uma pessoa para obrigá-la a fazer uma delação”. Segundo ele, é preciso ter cautela.
Manifestações
Ele afirmou ser favorável a qualquer tipo de manifestação, desde que “sem violência”. “Eu apoio. O movimento é legítimo, desde que não tenha desordem. O PT está querendo fazer um apitaço contra mim. É legítimo, é da democracia”, explicou.
“Eu acho que pode se protestar contra todos. O que eu condeno é a violência. Se for pacífico e ordeiro, tem meu total apoio”, afirmou.
Debate sobre homossexualidade
Ele afirmou que não vê uma discussão se existem gays de esquerda ou de direita e acrescentou que, quando se fala em constituição de família, é uma questão constitucional. “O STF reconheceu os direitos. O que está aí é um combate de ideologia”.
Cunha declarou-se contra o reconheciemnto de casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas reiterou que os direitos já estão conhecidos. A respeito da adoção de crianças por casais homossexuais, Cunha não entende esta como a melhor opção para a criança.
“Se a pessoa escolhe ser homossexual ou se o é por seu instinto, eu acho que não
tem que discriminar ninguém. Nós temos que respeitar a opinião de cada um. Eu
respeito a todos e exijo ser respeitado por todos, mas não entendo que a adoção de
crianças por homossexuais seja a melhor opção para criar uma criança”.
Comparação com Frank Underwood, do seriado “House of Cards”
Eduardo Cunha afirmou que, no auge do embate político com o PT, uma publicação “a serviço do Governo” surgiu com uma imagem tentando denegri-lo. “No intuito de querer caracterizar como interesseiro, que agia pelo mal”.
Segundo o deputado, as características do personagem não combinam com seu perfil: “ele é homossexual, ladrão e assassino. Ele é tudo aquilo que eu não sou”, disse aos risos.
Confira a participação de Eduardo Cunha na íntegra no programa Os Pingos nos Ís
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