Delação é início, Lava Jato não condenará com base na palavra, diz procurador
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o procurador da República, e integrante da força-tarefa da Lava Jato, Roberson Pozzobon, ressaltou a importância dos acordos de delação e leniência celebrados para a continuidade das investigações.
“Os acordos de colaboração são ponto de partida para as investigações, e não de chegada. As milhares de informações coletadas por meio de acordos vão servir para o início de uma investigação”, pontuou.
Pozzobon garantiu ainda que a Operação Lava Jato não condenará ninguém se baseando exclusivamente na palavra de um delator: “buscamos outro elemento de reforço”.
Com os acordos no Supremo, sob tutela de Teori Zavascki, há agora o tempo para análise. “É uma série de passos. Foi uma negociação bastante trabalhosa e árdua, não só pelo volume de informação, mas pela complexidade. Envolve diversos agentes políticos e públicos. Após a análise do material pelo Judiciário, o rito natural é que ele ouça os colaboradores a fim de verificar se eles foram espontâneos. Depois, o próximo passo é a homologação dos acordos. Depois disso, o rito natural é que sejam remetidos às respectivas autoridades de processamento. Antes de utilizar as milhares de provas, é necessária uma série de passos”, explicou.
Com o recebimento dos acordos por parte do Supremo Tribunal Federal, agora há expectativa pelos nomes citados – fala-se em mais de 200 políticos. O procurador, no entanto, não pode confirmar o número para não resultar em prejuízos ao processo.
Sobre uma possível data para o fim das investigações da Lava Jato, Roberson Pozzobon não soube precisar. “Essa é uma pergunta que todos nos fazem e não arrisco a dizer. É difícil adivinhar”, disse ao justificar os números da operação.
Em três anos de Lava Jato, o de 2016 foi o mais atribulado. Foram deflagradas 17 operações e mais de 20 denúncias foram oferecidas. Além disso, neste ano, foram expedidos 730 mandados de busca e apreensão e mais de 190 mandados de condução coercitiva.
Confira a entrevista completa:
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