Delegados ficam apreensivos com novo ministro da Justiça
Delegados da Polícia Federal veem com preocupação o fato de um integrante do Ministério Público assumir o cargo de ministro da Justiça. Wellington César, que era procurador-geral de justiça da Bahia, vai substituir José Eduardo Martins Cardozo na pasta.
Já vem de algum tempo a rivalidade entre policiais federais, que querem mais autonomia, e membros do MP, querendo manter o controle da atividade policial.
O vice-diretor da regional São Paulo da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Edson Garutti, admite que há preocupação com a mudança: “Sim, causa alguma preocupação, mas não no sentido pessoal. A preocupação é mais geral, se essa pessoa pensa no fortalecimento da Polícia Federal ou não. É claro que um membro do MP pode trazer ranços corporativos. Há posicionamentos oficiais do Ministério Público que reduzem atribuições dos delegados de polícia”. O vice-diretor cita como exemplo o fato de que o Conselho Nacional do Ministério Público não recomenda que delegados falem diretamente com juízes.
Edson Garutti afirma que, apesar de a Associação ter entrado em atrito na questão do orçamento da PF, Cardozo teria feito uma gestão correta: “Houve sim uma gestão correta por parte do ministro Cardozo. Ele defendeu certas atribuições da polícia federal, o que é o papel de um ministro da Justiça, defender as atribuições daqueles órgãos que estão a ele vinculados para que não se perca as atribuições, não se perca o fortalecimento institucional”.
Wellington César Lima e Silva foi chefe do Ministério Público da Bahia por dois mandatos, tem 50 anos de idade e 25 de carreira. José Eduardo Martins Cardozo segue no governo, agora como advogado-geral da União.
Informações de Tiago Muniz
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