Deputado federal diz que Dilma depende de Cunha e vice-versa
O deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE), em entrevista à Jovem Pan, defende que Eduardo Cunha não tem condições de se manter na presidência da Câmara: “Ele está se transformando em réu em uma situação bastante delicada, crítica. As denúncias são graves, são crimes muito sérios. Todo cidadão tem direito a ampla defesa, que é constitucional, mas sendo presidente da câmara deveria se afastar do cargo para responder essa ação no Supremo, podendo exercer sua defesa e não criando ainda mais embaraço, dificuldade e um clima ainda pior para o parlamento, comprometendo a nossa imagem”.
O ex-líder do Democratas na Câmara afirma que, com a questão do impeachment, existe uma dependência entre Eduardo Cunha e a presidente Dilma Rousseff: “Hoje o presidente da Câmara se sustenta na presidente Dilma e Dilma se sustenta no presidente da Câmara. Eles têm uma interdependência”. Mendonça Filho explica que para Cunha deixar a Câmara ele precisaria renunciar ou ser cassado. Mas para ser cassado é preciso avançar o processo no Conselho de Ética: “Demorou muito para se abrir o processo no Conselho de Ética, mas teve sua abertura e vai seguir adiante, não temos muitas alternativas”. O deputado explica ainda que a oposição na Câmara é minoritária e não tem nomes suficientes para paralisar a Casa até ocorrer um desfecho do caso de Cunha.
Mendonça Filho acredita que, da forma como está consolidada institucionalmente, a Câmara dos Deputados é pouco representativa ao contrário do que seria em um sistema distrital: “O modo de eleger representantes do povo, particularmente no parlamento no Brasil, é errado. Um sistema proporcional com lista aberta não cria proximidade e uma forma de fiscalização entre eleitor e representantes. (…) Países europeus como a Inglaterra criaram um sistema que tem mais condição de representação que é o sistema distrital, que cria mais condições do eleitor fiscalizar”. O deputado explica que pesquisas apontam que uma parcela menor de 50% da população lembra em quem votou para o cargo de deputado federal, e isso impede uma maior cobrança. Ele acredita também que a opinião pública deve pressionar para aprimorar o sistema político brasileiro.
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