Dilma deve sonhar com a queda de Cunha e Renan

  • Por Jovem Pan
  • 14/05/2015 10h19

Renan Calheiros e Eduardo Cunha Montagem com Pedro Ladeira/Folhapress e Antonio Cruz/Agência Brasil Renan Calheiros e Eduardo Cunha

Reinaldo, qual o sonho dourado de Dilma?

Dilma Rousseff tem hoje uma esperança — talvez uma só: a de que a Operação Lava Jato quebre as pernas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidentes, respectivamente, da Câmara e do Senado. Isso provocaria um baque considerável no PMDB, e aí talvez os petistas conseguissem compensar a própria desarticulação com a desarticulação de seu inimigo cordial — ou, se quiserem, de seu amigo beligerante. Nota-se uma tentativa de fechar o cerco contra a dupla.

Não deixa de ser curioso que um esquema obviamente comandado pelo petismo tenha dois peemedebistas como os investigados mais graduados. Há coisas que são estranhas pela própria natureza, não é mesmo? Nem é preciso fazer ilações porque a realidade se encarrega disso. Adiante.

O doleiro Alberto Youssef disse à Justiça nesta quarta que Eduardo Cunha seria o destinatário final de propina num caso de aluguel de navios-sonda. Que evidência ele tem? Segundo disse, quem lhe fez tal relato foi Júlio Camargo, executivo da empresa Toyo Setal. Ocorre que Camargo também fez acordo de delação premiada e negou que tenha citado o nome de Cunha ou que o deputado tivesse algo a ver com a operação.

Os senhores leitores devem ficar preparados para situações assim, que, tendem a dar em nada. Notem: ambos fizeram delação premiada, cujos efeitos positivos dependem de que se diga a verdade. E é claro que um dos dois está mentindo. Querem outro caso envolvendo o próprio Youssef, só que em papel invertido? Paulo Roberto Costa diz que Antonio Palocci lhe pediu R$ 2 milhões para a campanha de Dilma em 2010 e que o pagamento foi feito pelo doleiro. Este, no entanto, nega que isso tenha acontecido. Um dos dois está mentindo.

Renan A Polícia Federal encaminhou ao ministro Teori Zavascki pedido para quebrar os sigilos fiscal e bancário de Renan. Ele é alvo de três inquéritos na Operação Lava Jato. O Ministério Público acusa o senador de ter recebido propina de empreiteiras que trabalhavam para a Petrobras na forma de doação legal de campanha. Ele ainda é suspeito de ter recebido dinheiro ilegal da Transpetro. Se Zavascki der a autorização, a crise sobe de patamar. A PF pediu também a quebra de sigilos do senador Fernando Collor (PTB-AL) e do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE).

Dilma e os petistas devem sonhar dia sim, dia também, com a queda da dupla. No estágio em que as coisas estão, a situação só fica mais tensa para o Planalto. Cunha e Renan aparecem como investigados, suspeitas e acusações novas são lançadas, e eles atuam para deixar claro que nada temem. Nesse caso, pior para o governo.

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