Ex-embaixador defende posição do Brasil em relação à guerra na Ucrânia: ‘Temos que defender os nossos interesses’
Rubens Barbosa participou do programa Direto ao Ponto desta segunda-feira, 7, para debater a invasão da Rússia na Ucrânia e os efeitos dessa guerra no mundo
Na noite desta segunda-feira, 7, o programa Direto ao Ponto discutiu com especialistas a invasão da Rússia à Ucrânia, que teve início no dia 24 de fevereiro e já mobilizou 1.5 milhão de refugiados na maior crise na Europa da era moderna. Na bancada o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, comentou que a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de invadir o país vizinho não foi ‘bem pensada’. “Putin avaliou mal a situação atual. Ele não previu a reação da população da Ucrânia e não previu a rapidez com que o Ocidente reagiu e colocou todas essas sanções contra a Rússia, e ele perdeu a guerra da comunicação. Acho que houve uma avaliação equivocada dele em lançar a invasão, porque agora, com esse impasse, o que pode acontecer? Uma guerra que não termina rápido e, se ele ocupar o território rápido, você cria uma guerrilha e eu não sei se a Rússia vai conseguir controlar”, disse. Em conversa com o doutor em Administração pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Antonio Gelis Filho, e Carlo Cauti, jornalista italiano e editor da Exame, o trio comentou se a guerra aconteceria no governo Trump, dos EUA.
“O Trump estava se desvinculando da OTAN, ameaçou retirar as tropas americanas de lá. Esse é um argumento de que, com o Trump, talvez não teria acontecido essa guerra. Porque essa união entre EUA e OTAN não aconteceria de forma tão rápida quanto aconteceu agora”, disse Rubens Barbosa. O ex-embaixador também falou sobre as consequências dessa invasão para o país de Volodymyr Zelensky. “A estrutura da Ucrânia está destruída. No final da guerra quem vai reconstruir? A Ucrânia, na minha visão, pode se tornar um estado falido porque está com toda a infraestrutura destruída, milhões de pessoas refugiadas e já pensou o custo disso para o país?”, questionou.
Questionado sobre o que a diplomacia pode fazer nesses momentos de negociação para o fim da guerra, Rubens foi claro. “Na forma atual não avança [as negociações]. A Rússia prometeu abriu canais para os civis saírem e, se isso acontecer, vai ser o resultado de negociações. Mas uma negociação que leve ao fim da guerra eu acho que estamos muito longe ainda”, definiu. O ex-embaixador também citou as decisões do Brasil em relação à guerra. “Até aqui as posições do governo brasileiro foram adequadas. Os votos que demos na ONU, as notas do Itamaraty e as ajudas humanitárias estão de acordo com nosso interesse. Mas eu defendo que nesses conflitos geopolíticos maiores em que o Brasil não tem interesse direto, nós temos que defender nosso interesse. Não tomar partido. Quando eles se acertam quem paga somos nós. O Brasil hoje é um país vulnerável em muitos aspectos”, finalizou.
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