‘Quando se assume um cargo político, se governa para todos’, diz Guilherme Boulos
Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, parlamentar, que é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, se comprometeu a formar um secretariado com paridade de gênero
O convidado do programa Direto Ao Ponto desta segunda-feira, 2, é o deputado federal pelo Psol de São Paulo Guilherme Castro Boulos. Paulistano, o parlamentar, de 41 anos, é historiador e formado em Filosofia pela USP e mestre em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Já trabalhou como professor na rede pública de ensino de São Paulo, na faculdade Mauá, e na Escola de Educação permanente do Hospital das Clínicas de São Paulo. Aos 15 anos, Boulos ingressou no movimento estudantil, quando era militante da UJC (União da Juventude Comunista), pouco depois conheceu o MST (Movimento Sem Terra) e depois MTST (Movimento Trabalhadores Sem Teto), em que foi coordenador até o início deste ano. Ficou conhecido em 2003, quando participou da coordenação da ocupação de um terreno da Volkswagen, em São Bernardo do Campo. Já morou em ocupações encampadas pelo movimento. Participou das manifestações de junho de 2013 e nas mobilizações contra os gastos da Copa do Mundo de 2014. Guilherme Boulos é conhecido como umas das principais lideranças da esquerda do Brasil. Em março de 2018, ingressou no Psol como pré-candidato à presidência da República, tendo a indígena Sônia Guajajara como vice da chapa. Em 2022, elegeu-se deputado federal por São Paulo, com cerca de 1 milhão de votos, o mais votado de Estado, e o segundo mais votado do país. Durante a entrevista, Boulos rejeitou a nomenclatura de militante, radical e invasor. “Militante eu sinto orgulho. Militante é você se dedicar a uma causa, seja ela qual for, sem levar nada em troca”, disse. Já sobre radical, ele disse que tem indignação com situações de pobreza estrema. “Eu sou uma pessoa que tenho um perfil de enfrentar um problema quando aparece. Não gosto de enrolação. Tive oportunidades que a maioria da população não tem, e decidi morar na periferia, onde eu moro até hoje, como deputado federal”. ‘”Quem luta por moradia é radical? Na cidade mais rica de São paulo, tem criança revirando lixo, e você não pode se indignar? Eu não acho radicalismo. Acho isso humanidade”, argumentou. “O movimento que tenho 22 anos de participação, nunca invadiu uma casa. Eu desafio quem souber de uma invasão. O que o MTST faz? O movimento pega as casa pela Lei do Estatuto das Cidades que devem mais impostos que o valor do próprio prédio, e o movimento ocupa para mostrar aos poderes públicos. Não há invasão da casa de ninguém”.
Sobre a pré-candidatura de São Paulo, Boulos contou, caso seja eleito, que vai ter um secretariado com paridade de gênero. “Umas das coisas que eu acho fundamental para corrigir distorções no sistema político brasileiro é maior participação de setores da população que são mal representados. Pega, por exemplo, o Congresso Nacional: a sociedade brasileira tem 51% de mulheres, lá são 17%; na sociedade brasileira são 56% de pessoas negras, no Congresso Nacional são 22%. Você tem que um problema de representação. Se tiver o privilégio de ser prefeito de São Paulo, farei o possível para ter um secretariado paritário”, disse. Sobre o aumento de impostos, o politico foi peremptórico: “Não haverá aumento”. “Nenhuma possibilidade de aumento de IPTU ou de criação de novos impostos. Até porquê São Paulo hoje, não precisa disso! A 35 bilhões parado em caixa, Ano que vem a cidade tem um orçamento de 112 bilhões de reais, o maior orçamento da história da cidade. Se alguma coisa que é indignante e incompreeensível que a maior cidade está abandonada. A cidade está abandonada. Abandonado em serviços de zeladoria. Agora está recapeando, um ano da eleição: ‘opa, vamos recapear’. e de maneira suspeita”, criticou.
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