Salles diz que 8 de Janeiro foi ‘uma barbaridade’, mas pede que CPMI esclareça ‘arbitrariedades’
Em entrevista ao Direto ao Ponto, deputado federal também avalia que o colegiado dos atos em Brasília não irá rivalizar com a CPI do MST
O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) afirmou na noite desta segunda-feira, 22, que os atos de 8 de Janeiro foram “uma barbaridade”. Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, o ex-ministro de Meio Ambiente do governo Bolsonaro pediu, por outro lado, que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) esclareça as “arbitrariedades” do julgamento dos manifestantes. “A sociedade brasileira merece saber o que de fato aconteceu no 8 de janeiro. Essas investigações, fora da CPMI, tem ocorrido de maneira muito sigilosa, salvo os despachos e decisões que vem a público. Veja que o próprio indiciamento desses manifestantes que foram presos tem sido feito de baciada. Onde já se viu você denunciar uma pessoa sem individualização da conduta. Todos os 250 fizeram a mesma coisa. Depois, no dia seguinte, todos os 200 fizeram a mesma coisa. Fico admirado, por ser do ramo do direito, que conheço vários juristas que são contrários a esse tipo de arbitrariedade. Muitos, infelizmente, estão se abstendo de se posicionar. Seja porque não gostam do Bolsonaro ou porque ficaram chocados com aquela barbaridade do 8 de Janeiro. Mas isso não anula as garantias fundamentais de ampla defesa. E a própria defesa, para que seja exercida, você precisa indicar qual é a conduta que está sendo imputada ao agente. Se você não indica a conduta, como ele vai se defender?”, comentou Salles. “A CPMI tem como objetivo dar luz a uma série de arbitrariedades, a uma série de detalhes, a uma série de questões relevantes que não tem sido adequadamente, na minha opinião, suficientemente esclarecida e debatida na sociedade brasileira”, acrescentou.
Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as ações promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Salles também avaliou que a CPMI do 8 de Janeiro não irá rivalizar com a CPI do MST. De acordo com o deputado, a posição de parte do atual governo diante as invasões aponta essa visão. “O governo tem dito em inúmeras oportunidades que ‘invadiu tem que sair’, disse o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Padilha também tem dito que o governo condena as invasões. Então como parte do governo deu declarações que são contra as invasões, quero crer que, se essa posição do governo for verdadeira, o governo também condena as invasões. E, consequentemente, que ao contrário da CPMI do 8 de Janeiro, que é eminentemente um embate entre o atual governo e a oposição, eles não serão contra a CPI do MST. Porque eles também tem o interesse de interromper esse ciclo vicioso de invasões”, completou Ricardo Salles.
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