Dois terços das mutações que causam câncer são provocadas por erros aleatórios de reprodução do DNA
Uma pesquisa polêmica publicada nos Estados Unidos afirma que a maioria das mutações que causam o câncer não depende de uma vida saudável ou de hereditariedade. É pura falta de sorte.
O ensaio coordenado pelo cientista Cristian Tomasetti, da Universidade John Hopkins, conclui que dois terços dos defeitos genéticos que desencadeiam tumores são causados por erros aleatórios e corriqueiros do processo natural de duplicação do DNA.
Cerca de 29% são explicados por fatores ambientais, como o tabagismo, má-alimentação e exposição solar e 5% são atribuídos a fatores hereditários.
Os pesquisadores utilizam um modelo matemático para analisar o DNA de 32 tipos de tumores e associaram a dados epidemiológicos de 69 países.
Eles afirmam que os erros de duplicação são uma fonte potente de mutações tumorais, que é subestimada pelos cientistas.
Um dos maiores especialistas da doença no Brasil faz uma ressalva ao estudo. O professor de Oncologia da USP e diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Paulo Hoff, lembrou que fatores ambientais e erros aleatórios não são necessariamente antagônicos.
Em alguns casos, os hábitos nada saudáveis de uma pessoa provocam mais divisões celulares. Portanto, mais risco. “O erro aleatório acontece na divisão da célula. Quanto mais divisões, maiores os riscos. Desta maneira, evitar o fumo, evitar a contaminação por vírus, controlar fatores ambientais e fazer exercícios continuam muito válidos para reduzir o risco de câncer”, disse.
Paulo Hoff ressaltou ainda que depois da detecção, os pacientes que tiveram câncer por motivos ambientais ou erros aleatórios estão no mesmo barco.
E na hora de lutar contra o câncer, quem teve hábitos mais saudáveis terá mais chances de se recuperar junto com aqueles que detectaram a doença precocemente.
*Informações do repórter Victor LaRegina
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