Edição e cortes não excluem automaticamente gravação entre Temer e Joesley como prova

  • Por Jovem Pan
  • 23/05/2017 06h22
BRA01. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 19/05/2017.- Fotografía sin fechar, cedida por Campo Grande News hoy, viernes 19 de mayo de 2017, muestra a uno de los dueños de la empresa JBS Joesley Batista (i) junto al presidente de Brasil, Michel Temer (d), en Río de Janeiro (Brasil). Directivos del grupo JBS que colaboran con la justicia confesaron que pagaron sobornos por 80 millones de dólares al expresidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva y a su sucesora Dilma Rousseff, según documentos divulgados hoy, viernes 19 de mayo de 2017, por la Corte Suprema. En los documentos revelados por la corte, uno de los dueños de JBS, Batista, y el exdirector de Relaciones Institucionales del grupo Ricardo Saud, sostienen que los sobornos pactados con el ministro de Hacienda de Lula y Rousseff, Guido Mantega, desde 2005, alcanzaron la suma de 80 millones de dólares, depositados en diversas cuentas bancarias abiertas en el exterior. EFE/João Quesada/CAMPO GRANDE NEWS/SOLO USO EDITORIAL/NO VENTAS/MÁXIMA CALIDAD DISPONIBLE EFE/João Quesada/CAMPO GRANDE EFE - Joesley Batista e Michel Temer

A edição ou o corte de um áudio não o exclui automaticamente de um processo judicial que o elenca como prova. Na verdade, segundo especialistas ouvidos pela Jovem Pan, o que determina a validade de uma gravação, como a conversa entre o presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista, é integridade da intenção original.

“Somente esta intenção de enganar a terceiros ou mudar o sentido é que poderia inviabilizar uma prova desta magnitude”. O diagnóstico do presidente do Conselho Nacional de Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil, José Ricardo Rocha Bandeira, não é isolado.

Também segundo Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, tudo dependerá dessa avaliação do contexto: “se houver uma interferência proposital ou não, mas isso em princípio vai ser avaliado depois pelo poder Judiciário”.

Nesta segunda-feira (22), a defesa do presidente Michel Temer disse que uma perícia paralela constatou 70 “pontos de obscuridade” na gravação que a Procuradoria Geral vê indício de crimes de obstrução à Justiça, corrupção passiva e organização criminosa.

Mas o acesso ao gravador, que captou o áudio original, pode ser fundamental neste caso, na opinião de Reginaldo Tirotti, da Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo: “sem isso, só com áudio, não tem como se caracterizar muita coisa”.

O equipamento estava fora do país e será entregue à Polícia Federal nesta 3a feira, segundo a defesa de Batista.

O perito Reginaldo Tirotti ressaltou que conhecer a fonte de armazenamento é um ítem extremamente importante para uma avaliação criteriosa: “esse pendrive é o pendrive espião. Você coloca no bolso e quem olha pensa que é um simples pendrive. Ele grava áudio e vídeo, mas a qualidade não é boa”.

Integram a rede de polêmicas que envolve o áudio com potencial para derrubar o presidente, avaliações encomendadas pelo jornal Folha de São Paulo, usadas na defesa de Temer em pronunciamento no fim de semana.

O Globo questionou a qualidade do trabalho do perito Ricardo Caires, que retrucou: “está meu laudo lá. Foi software utilizado, meu laudo diz isso”.

Dois dos programas elencados no laudo de Caires, no entanto, são gratuitos. Qualquer um pode baixar da internet.

O presidente do Conselho Nacional de Peritos Judiciais, José Bandeira, defendeu que a análise demanda tecnologia de ponta: “esse computador tem que ser dotado de placas especiais de áudio e vídeo, tem que ter acoplada uma estação de áudio e vídeo e fazer a purificação desse som”.

A perícia está à cargo do Instituto Nacional de Criminalística, órgão oficial da União. De praxe, a análise demora 30 dias para ficar pronta.

*Informações da repórter Carolina Ercolin

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