Editorial: Caos em SP foi produzido por entidades ligadas ao PT e com cargo na prefeitura de Haddad

  • Por Reinaldo Azevedo
  • 17/09/2014 19h08
EFE/AARON CADENA OVALLE Reintegração de posse no centro de São Paulo

Peço licença aos ouvintes de todo o Brasil para tratar, mais uma vez, de uma questão paulistana. Mas vocês vão me entender porque o que se passa na maior capital do país está em toda parte, em todas as cidades grandes ou médias. Já abordei o assunto no Jornal da Manhã e, agora, volto ao tema.

Afirmei ontem aqui, no editorial, que a pancadaria promovida por supostos sem-teto numa reintegração de posse no Centro da cidade, nesta terça, não passava de ação partidária. Uma franja ligada ao PT resolveu encabeçar o quebra-quebra na esperança, sei lá, de criar um fato eleitoral. O confronto com a Polícia Militar foi liderado pela Frente de Luta por Moradia (FLM), um movimento ligado ao partido, que pertence a um “coletivo”, como eles dizem, intitulado “Central de Movimentos Populares” (CMP), que é também mero esbirro do petismo. Gosto de demonstrar o que afirmo.

Na reportagem do Jornal Nacional, ontem à noite, eis que dou de cara com o senhor Raimundo Bonfim, apresentado como coordenador da CMP.

Sim, eu me lembrava dele. Escrevi em meu blog sobre este bravo no dia 14 de agosto de 2013. Ele pretendia liderar, então, um protesto contra o governo Geraldo Alckmin, que estava sendo convocado pela página do PT na Assembleia Legislativa. Só isso? Não! Além de coordenador da tal central, o homem é advogado e, atenção!, funcionário da Liderança do PT na Assembleia, com salário, no ano passado, de R$ 11.380. É isso mesmo o que você entendeu, ouvinte amigo: é você quem paga a boa vida do sr. Bonfim para que ele ajude a promover o caos.

Na campanha eleitoral de 2012, ele fez caminhada ao lado do então candidato Fernando Haddad. As fotos estão lá no meu blog. Não é e nunca foi um sem-teto. Trata-se apenas de um militante profissional.

Haddad é grato a toda essa gente, que detém cotas na distribuição de moradias populares na cidade. Um dos coordenadores da FLM, que promoveu a bagunça nesta terça, Osmar Silva Borges, ganhou cargo na Prefeitura: virou assessor da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab), com salário mensal de R$ 5.538,55. Não foi o único. Também Vera Eunice, coordenadora da Associação dos Trabalhadores Sem-Teto da Zona Noroeste, recebeu uma boquinha na empresa, com salário de R$ 5.516,55. Ou por outra: o grupo que protagonizou as cenas lamentáveis de violência e vandalismo é poder na cidade administrada por Haddad.

Fiquei ainda bastante encantado ou ler e ouvir o depoimento de Juliana Avanci, advogada dos invasores. Contra todas as evidências, contra tudo o que mostravam as TVs, ao vivo; contra todos os fatos, ela afirmou que a Polícia é que deu início ao confronto. A doutora seria apenas membro de uma ONG, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos. Apresenta-se simplesmente como uma defensora da causa, sem vínculos com os companheiros.

Pois é… O nome dela está num manifesto de “juristas e advogados” em apoio, então, à candidatura de Haddad à Prefeitura.

A Frente de Luta por Moradia é um aparelho do PT e ocupa ao menos 13 prédios em São Paulo. Foi criada em meados de 2003 e é ligada ao deputado estadual Adriano Diogo e ao deputado federal Renato Simões, ambos do PT. Simões, diga-se, é ex-secretário nacional de Movimentos Populares do partido.

O que me incomoda nesses caras é menos o conteúdo do pensamento, por mais que eu considere lamentável, do que a hipocrisia. Admitam, então, que se trata de uma ação de caráter partidário e que eles avaliam que o caos lhes interessa. Ontem, sustentei aqui que os baderneiros de São Paulo eram apenas os braços operacionais de uma forma de entender o poder, aquela mesma que Lula havia expressado no dia anterior naquela pantomima autoritária e ridícula em frente à sede da Petrobras.

As evidências estão aí.

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