Editorial: Cobro a demissão de Graça desde abril do ano passado

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 03/02/2015 19h25

Graça Foster Reprodução/ TV Globo Graça Foster

A informação de que a presidente Dilma Rousseff vai demitir Graça Foster, presidente da Petrobras, fez disparar as ações da empresa. Às 15h20, as ações preferenciais da estatal na Bolsa de Valores de São Paulo subiam 13,16%; as ordinárias, 12,14%. A Presidência da República, no entanto, negou a informação. Até agora, o mercado não acreditou no desmentido. Ainda bem. Se Dilma tivesse me ouvido, teria tomado essa providência em abril do ano passado. E a Petrobras, apesar de tudo, estaria valendo hoje muito mais do que vale.
No dia 15 de abril do ano passado, reitero, disse no Jornal da Manhã que o discurso de Graça não tinha lugar na realidade. Podem procurar lá no site.
Graça tinha ido ao Senado explicar a compra de Pasadena e se saiu com uma conversa exótica. A tarefa poderia ter sido simples se ela estivesse obrigada a dizer “ou bola ou bule”, ou uma coisa ou outra. Ocorre que o raciocínio aparentemente quântico, e incompreensível, que ela tentou desenvolver não derivava do excesso de sabedoria, mas do excesso de confusão. Graça pretendia que seus interlocutores entendessem que a compra fazia e não fazia sentido a um só tempo; que era e que não era justificável; que houve e que não houve irregularidade naquela história toda. Estava na cara que ela não estava lá para explicar, mas para confundir.
No dia 17 de novembro, há três meses, fui bem mais explícito. O texto que publiquei em meu blog tinha o seguinte título: “Graça admite só agora escândalo que VEJA revelou em fevereiro e que ela própria negou em março. Vá pra casa, minha senhora!” Começava assim: “É… Quando Dilma Rousseff vai demitir Graça Foster? Ou quando Graça Foster vai se demitir? Quando essa gente vai ter um pouco de bom senso?” E terminava assim: “Graça, ouça um bom conselho, eu lhe dou de graça, como dizia Chico Buarque: vá para casa,  peça demissão, facilite a vida da presidente. Seu tempo acabou.”
Confira abaixo o que Reinaldo Azevedo disse no programa Os Pingos nos Is:
“Eu me referia, como fica claro,  à propina paga pela empresa holandesa SBM a funcionários da Petrobras. A revista publicou a reportagem em fevereiro. No fim de março, a pomposa Graça veio a público para anunciar que comissão da estatal não encontrara nada de errado. Em novembro, o Ministério Público da Holanda multou a SBM naquele país e confirmou o pagamento da propina. A presidente da Petrobras anunciou, então, que sabia da safadeza desde meados do ano.
Atenção, meus caros! De novembro, quando cobrei mais explicitamente a cabeça de Graça, a esta data, as ações da Petrobras caíram mais de 40%. E dona Dilma Rousseff lá, muda, sabendo que o caso não tem solução. A ainda presidente da Petrobras pode ser acusada de alguma ação dolosa? Até agora, que se saiba, não. Mas ninguém mais acredita nela. É matéria de fato, não matéria de opinião ou de gosto. Dilma, no entanto, insistia no que sabia ser impossível.
Um debate está nos meios jurídicos, provocado pelo advogado Ives Gandra Martins. Ele sustenta que mesmo ações culposas, decorrentes da negligência e da irresponsabilidade, podem ensejar processos de impeachment. Muita gente resiste à tese. Eu mesmo não a acho confortável. Mas Dilma Rousseff parece fazer um esforço imenso para provar que ele tem razão.
Afinal, a presidente não tem o direito, por teimosia, ideologia ou afinidades eletivas, de dilapidar o patrimônio do povo brasileiro.”

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