Editorial: Em meio à falência do petismo, companheirada insiste em censurar a imprensa em vídeo divulgado pelas páginas da própria Dilma

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 20/01/2015 17h47
BRASÍLIA, DF, 22.12.2014: DILMA-DF - A presidente Dilma Rousseff participa do tradicional café da manhã com jornalistas credenciados no Palácio do Planalto, onde falou sobre a Petrobras, novos ministros e a crise mundial. (Foto: Sérgio Lima/Folhapress) Folhapress Dilma Rousseff em café da manhã com jornalistas

Vocês conhecem o provérbio latino, né?, que diz que “o homem é o lobo do homem”. Na língua em que foi pensado, o latim, fica mais bacaninha: “Homo homini lupus”. Uma coisa bem sintética. A consideração está na base do pensamento de Thomas Hobbes. Mas eu estou aqui a rever o latinório. Proponho outra: “Lupus lupi lupus”. Que tal? Tradução: “O lobo é o lobo do lobo”. Isso quer dizer que é uma questão de natureza. Seria outra maneira de dizer o que vai sintetizado em outro provérbio: “Lupus pilum mutat, non mentem”: “O lobo muda o pelo, mas não a índole”. Ou como se tornou popular em Dois Córregos: o lobo muda o pelo, mas não o vício.

Pois é… Dilma Rousseff, como é sabido, terceirizou o governo. Chamou seu ministro da Fazenda e disse: “Vai, Quim, ser Joaquim Levy na vida” — sabem como é… Dilma gosta de fazer citações cifradas de poetas mineiros. Ela está trabalhando agora num outro verso de Carlos Drummond de Andrade: “O PT é só um quadro na parede, mas como dói!” Adiante.

Enquanto Levy anunciava, sem a presença da governanta, seu pacote de maldades, as páginas de Dilma e do PT nas redes sociais divulgavam um vídeo defendendo a tal “regulação econômica da mídia”. A peça de proselitismo político intercala falas da própria presidente e de Ricardo Berzoini, novo ministro das Comunicações — homem de Lula, da CUT e da Bancoop, a cooperativa que deu um golpe em milhares de pobres bancários. Há muitos anos chamo Berzoini de Berzoniev, em homenagem à sua aparência de burocrata soviético. Seu socialismo, diga-se, é tão sincero quanto era o daqueles camaradas…

O objetivo declarado da peça publicitária é afirmar que existe uma diferença entre “regulação econômica da mídia” e “controle de conteúdo”. O objetivo não declarado é obter a tal regulação econômica para controlar o conteúdo. Malandrinho, o vídeo evidencia que o Artigo 220 da Constituição garante a plena liberdade de expressão — o que é verdade. Sem citar o texto constitucional (também é o 220), lembra que a Carta veta o oligopólio e o monopólio. Sim, veta mesmo. Também se faz praça do Artigo 221, que garante “estímulo à produção independente e regionalizada”.

Então vamos ver. Onde está o “oligopólio” ou “monopólio” da mídia, apontado pela presidente Dilma Rousseff? De quem exatamente ela e o PT estão falando? Quem goza hoje dessa situação em nosso país? Que se saiba, ninguém. Faço aqui uma pergunta: por que a TV Brasil, por exemplo, que consome quase R$ 1 bilhão por ano dos cofres públicos, não garante essa tal produção regional, em vez de virar cabide de emprego da companheirada? Aliás, o PT tem nas mãos uma estrutura imensa para brincar de comunicação. Ocorre que a sua programação dá traço. Ninguém vê. Não porque seja boa demais. Mas porque é ruim de doer.

O PT vai querer, por exemplo, impedir a propriedade cruzada dos meios de comunicação? Sei… A Globo, então, não poderia ter a CBN ou ser dona de TV a cabo? Sei. Agora que os negócios estão montados, eles seriam repassados a quem? A algum amiguinho do poder?

Quem está pedindo a tal regulação? A militância petista! Ora, vejam que gracinha! Dilma faz uma gestão, digamos, conservadora da economia, mas quer brincar de socialista nas comunicações e na cultura. Pra quê? Para dar alguns copinhos de sangue a seus canibais. Joaquim Levy cuida da economia, e os Capilés, Ivanas Bentes, Berzoinis e outros seres exóticos cuidam de usar os aparelhos de cultura e comunicação para demonizar a direita.

Dilma não vai discutir concentração de poder no setor bancário, por exemplo? Ou do frigorífico? Ou do petroquímico? A dependência do distinto público de potentados é bem maior nessas respectivas áreas do que na de comunicação. Conversa mole! O que o PT quer é quebrar o caixa de empresas de comunicação e impor na porrada a produção cultural da companheirada. É claro que se trata de uma forma indireta de censura.

Ora, os petistas não gostam da liderança da Globo, da Veja, da Folha, da Jovem Pan? Por que seus amiguinhos não fazem uma TV melhor, uma revista melhor, um jornal melhor, uma rádio melhor? É dinheiro que lhes falta? Não! É talento mesmo! São ruins, ignorantes, cafonas, autoritários, jecas ideológicos e incompetentes. É por isso que precisam ficar pendurados nas tetas do governo. A mídia realmente independente, que é aquela das empresas privadas, pertence ao grupo dos profissionais ligados ao MST: o Movimento dos Sem-Teta.

É espantoso que um vídeo como esse venha a público num momento em que, ao apagão do setor energético, se junta o apagão de 12 anos de gestão petralha. O desastre de sua governança só lhes assanha o rancor e o ressentimento contra a competência. É mais um sintoma da petistite, essa grave doença que acomete o país.

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