Editorial: Itamaraty deixa diplomatas à míngua mundo afora; vamos nomear o Borat ministro

  • Por Reinaldo Azevedo
  • 22/01/2015 16h44
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Itamaraty Em comunicado oficial

Ai, ai, vamos lá. Entre 2003, primeiro ano do governo petista, e 2013, o Brasil criou 77 novas representações diplomáticas mundo afora, a maioria em países pequenos e sem qualquer importância econômica — 48 são embaixadas, 40 delas nascidas no governo Lula, o megalômano, que respondeu sozinho por 68 daquelas 77. A embaixada do Benin, na África, está entre essas novas representações.

Pois bem: circula na Internet a cópia de um e-mail que João Carlos Falzeta Zanini, encarregado de Negócios desse país, mandou a seus chefes em Brasília. É estarrecedor. Leiam a íntegra.

Informo.
1 – Após interrupção no fornecimento de energia da Embaixada, paguei, com recursos pessoais, a fatura do mês de novembro.

2 – Já tinha me valido dessa alternativa para pagar a fatura de telefone que também estava atrasada.

3 – Ante a perspectiva de corte do serviço de internet no próximo dia 24 de janeiro, entendo que deverei também adiantar o pagamento. Os valores das respectivas despesas constam do expediente de referência que solicita recursos de EAN.

4 – Desde que assumi a encarregatura de negócios no início de novembro, realizei cortes drásticos nas despesas do Posto. Serviços de manutenção da residência não foram realizados, empresa telefônica cortou chamadas para celular de todos os aparelhos, inclusive da sala do chefe do Posto, produtos de limpeza, de escritório e café estão racionados ao limite.

5 – Especificamente sobre a impossibilidade de realizar reparos na residência, informo que a pressão da água foi reduzida à quase inexistência depois que a bomba que abastece o andar superior quebrou. Não autorizei o reparo. Quando a pressão se esgota, uso galões de água comprados no supermercado para higiene pessoal.

6 – Em relação à alta despesa de combustível, creio que a demissão informada no expediente de referência trará certo alívio financeiro. Adicionalmente, restringi saídas com o carro de serviço à minha autorização expressa. Para os serviços mais simples, tenho orientado os funcionários a usarem a moto do Posto, menos onerosa.

7 – Receio, no entanto, não termos mais condições de manter os geradores em operação. Após esgotar o diesel que o abastecia, decidi ontem por não autorizar a compra de mais combustível. Desse modo, caso as oscilações frequentes da rede interrompam o fornecimento de energia durante o expediente, informo que tenciono reduzir as atividades do dia e liberar os funcionários. Essa decisão impacta, sobretudo, os serviços consulares, em alta demanda em razão da partida dos estudantes aprovados no PEC-G.

8- No que toca à residência, o gerador já está inativo há cerca de três semanas. Quando há oscilação na rede, o que ocorre praticamente todos os dias por uma ou duas horas, valho-me de velas e de lanterna. Mais preocupante, temo o efeito que uma oscilação mais duradoura da rede de energia causará na conservação dos alimentos dos funcionários da residência, comprados pela dotação CLP.

9 – O gasto semanal para o abastecimento dos geradores da Chancelaria e da Residência está estimado em aproximadamente U$ 180,00. A conta do Posto reúne, no momento, o equivalente a U$ 83,00.

10 – O desconforto, porém, não é tão relevante se comparado à preocupação com a saúde. Em cidade onde a malária é endêmica, o ar-condicionado serve de poderoso inibidor da proliferação do mosquito. Quando o fornecimento de energia é interrompido e os aparelhos de ar-condicionado desligados, utilizo inseticidas para amenizar o problema.

11 – Ciente das restrições financeiras, faço esse registro apenas para cumprir o dever de informar que as dificuldades de manter adequadamente a representação não se restringem mais à baixa lotação. Em realidade, a escassez de recursos precede a urgência que ainda se faz por um funcionário que possa operar as comunicações e o sistema consular.

Retomo
A situação em Benin é apenas a mais grave. Mas as reclamações partem também de Tóquio, Lisboa, Guiana e EUA. Nesta quarta, informa a Folha, telegrama enviado por Marco Farani, cônsul-geral do Brasil em Tóquio, e obtido pela Folha, dizia: “Todas as contas de serviços de dezembro estão pendentes de pagamento, o que tem causado insistentes cobranças dos credores; há o risco de suspensão de internet, telefonia e eletricidade”. A embaixada em Tóquio recebeu notificação de corte de luz, porque a conta, de US$ 3.924, não é paga desde dezembro, diz o embaixador André Corrêa do Lago em telegrama de terça (20).

Os petistas abriram embaixadas ou representações em países como Antígua e Barbuda (conhece?), Belize, Dominica, Granada, Azerbaijão, Burkina Faso, Mauritânia e Cazaquistão… E trata assim seu corpo diplomático. Cazaquistão, é? Chamem o Borat para ministro das Relações Exteriores.

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