Editorial: Lula continua a assombrar Dilma

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 03/07/2015 18h39
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Reprodução Dilma Rousseff e Lula na Petrobras

Como é mesmo aquela frase que virou meme na Internet, do filme “O Sexto Sentido”? Lembrei: “I see dead people”. Eu vejo gente morta. Os petistas ficam bravos quando faço essa graça. Mas o que me resta? A presidente Dilma beija a lona; sua popularidade, segundo o Ibope, chegou a 9%, mais baixa do que a de Collor e Sarney, e o Zumbi-chefe não sossega. Sai assombrando a sua sucessora país afora. Na semana passada, foi a Brasília brincar de presidente informal da República e produziu alguns desastres.

Nesta sexta, num discurso a integrantes da FUP (Federação Única dos Petroleiros), um dos aparelhos do PT, o Babalorixá de Banânia resolveu aconselhar a sucessora:

“Acho que ela [Dilma] tem a noção exata do que eu estou falando. Ela conviveu muito tempo comigo e sabe que, nas horas difíceis, nas horas mais difíceis, não tem outra alternativa a não ser encostar a cabeça no ombro do povo e conversar com ele. Explicar quais são as dificuldades e quais são as perspectivas”.

Percebam o “conviveu comigo e sabe…” O cara realmente se considera a fonte original de toda a sabedoria e de todo o bem. É professor de Deus. Lula se refere, claro!, ao momento pós-mensalão, quando saiu vociferando por aí que se tratava apenas de um “golpe”. A propósito, faz 10 anos que ele prometeu contar a verdade verdadeira sobre aquilo tudo. Estamos até agora esperando.

O Zumbi não se deu conta de que o tempo passou. Acha que dá para levar o povo na conversa. Segundo disse à turma da FUP, eis o caminho para a presidente:

“A Dilma é boa de papo. Se ela andar e depois abraçar o povo — tem que abraçar, sentir –, é essa coisa que dá oxigênio. Quando fica em Brasília esperando… puta merda! Tem que andar agora. Pegar os ministérios e oh, todo mundo fazendo política na estrada, todo mundo defendendo o governo.”

Esse negócio de “abraçar e sentir” o povo é próprio de uma concepção autoritária de poder, pautada apenas pelo carisma e pelos institutos, digamos, primitivos. Lula sempre foi um atentado contra a razão e contra a lógica. E deu certo porque mesmerizou a inteligência, primeiro, dos formadores de opinião. Tornado herói, foi embalado por circunstâncias positivas e se tornou um mito.

Não se deu conta, porque mortos que ignoram a própria condição não recebem o recado da vida real, que o momento é outro e que a máquina petista levou a capacidade do estado brasileiro ao osso e, em nome da popularidade, comprometeu o futuro. Quando este futuro virou presente, caiu no colo de Dilma.

No discurso, o chefão petista também vituperou contra a operação Lava Jato. O homem que chefiou o partido que se fez chamando os adversários de ladrões, de construtores de heranças malditas, de inimigos do povo, esse homem agora diz: “Eu denunciei isso no Ministério da Justiça em dezembro. (…) A pessoa só pode ser chamada de ladrão a hora que provar que é ladrão. Não pode criminalizar antes de provar e antes de ela ser julgada”.

É mesmo? Ainda escreverei a respeito. Mas essa cultura do pega-pra-capar é uma das heranças do petismo. Lembro que, no último ano do governo FHC, o PT entrou com um pedido de CPI acusando 45 casos de corrupção no país. Sim, 45, o número do PSDB.

Lula não percebeu que chegou a hora de ele e de seu partido serem vítimas do espírito talibã que eles próprios criaram.

Condenar primeiro para investigar depois, Luiz Inácio, é um primado do direito segundo o entendimento de Luiz Inácio. E eu vou demonstrar isso em outros posts.

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