Editorial: Mercados despencam na esteira das bobagens de Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 21/10/2014 18h16

Os políticos não temem a irracionalidade, a conversa mole, a estupidez… Os mercados, sim. Por isso, mais uma vez, conforme o esperado, eles desabaram nesta terça-feira, e o dólar disparou. Depois de cair 4,38% no começo da manhã, o Ibovespa recuava 2,92% às 14h10, cotado em 52.743 pontos. As ações do “kit eleições” lideravam as baixas do índice: Banco do Brasil ON perdia 6,57%; Eletrobras ON, 5,91%; Eletrobras PN, 6,5%; Petrobras PN, 5,13%; Petrobras ON, 4,21%. Só especulação? Infelizmente, não!

Em dois debates consecutivos, em menos de uma semana, Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, falou com todas as letras que, no Brasil, uma inflação de 3% só seria possível com desemprego de 15% e choque de juros — como se, hoje, eles já não fossem os maiores do mundo. Ela não estabeleceu um período para essa relação. Para Dilma, enfim, estaríamos proibidos de conciliar inflação, juros e emprego em níveis civilizados. É o fim da picada.

O IPCA-15 de outubro foi de 0,48%. O indicador, que é uma prévia da inflação oficial do país, fechou o acumulado em 12 meses em 6,62%, superando o teto da meta de inflação, que é de 6,5%. Ah, mas devemos comemorar! Afinal, o mercado era ainda mais pessimista: esperava uma IPCA-15 de 0,52% para o mês e de 6,66% em 12 meses. Estamos fritos! Já chegamos àquela fase de aplaudir a notícia negativa porque, afinal, sempre poderia ser pior.

Os mercados não são nem bons nem maus. Não são nem a bruxa má da Gata Borralheira nem a fadinha. Eles apenas põem preço nas coisas, e ainda não se inventou mecanismo melhor para gerar e distribuir riquezas. As alternativas são Nicolás Maduro, Raúl Castro e Cristina Kirchner, os amigos do PT. Ao afirmar aquela batatada no debate, Dilma — que já é presidente — emite um claro sinal: o de que continuará na sua toada. Não por acaso, as empresas estatais lideram a queda do Ibovespa.

É isso aí. Não estou entre aqueles que dão a disputa do próximo domingo como liquidada — o primeiro turno nos ensinou que essa não é uma boa prática –, mas cumpre notar, ao fim deste editorial, que os países, representados por seu povo, fazem escolhas. Podem errar e podem acertar. Eu nunca especulo sobre o grau de consciência de quem vota, se seu voto é ou não informado. Na democracia, isso é descabido. Até porque, pouco importa se Aécio ou Dilma terá a titularidade do próximo mandato, o fato é que a pessoa em questão só terá chegado lá com o voto dos que tinham condições de fazer uma escolha informada.

A propósito: nas redes sociais, a gente nota, as pessoas mais agressivas, as que dizem os maiores absurdos, as mais estúpidas, são justamente aquelas com formação escolar, que se deixaram contaminar pela ideologia. Não se enganem: sempre que países fizeram escolhas desastradas e desastrosas e entraram em declínio, isso não acontece por culpa do povo, mas de uma parcela considerável da elite.

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