Editorial – MPF agora vai ser supernanny de bebê bandido do bumbum peludo, molotov na mão e estrume na cabeça

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 07/09/2016 16h52
A presidenta Dilma Rousseff reconduz ao cargo o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot (José Cruz/Agência Brasil) José Cruz/Agência Brasil Rodrigo Janot foi reconduzido ao cargo de procurador-geral da República

Ah, eu fico tão chateado de a gente não poder pôr todos os brasileiros sob o guarda-chuva do Ministério Público Federal! É uma pena mesmo que tão valentes e prestativos senhores só se ofereçam para vigiar a polícia, não para vigiar os bandidos.

Então ficamos assim: a Polícia Militar combate a canalhada que põe fogo ao Estado de Direito, e o Ministério Público Federal combate a polícia. Numa linguagem, digamos, mais matemática, os senhores procuradores se juntam aos incendiários contra os policiais.

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É um despropósito absoluto! A que me refiro?

O MPF vai monitorar a conduta das PMs de São Paulo e do Rio nas próximas manifestações contra o governo Temer. É que a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão recebeu denúncias de abuso, sabem?, que teria sido cometido contra os ditos manifestantes.

Entendi! Procurador agora é babá de black bloc! Que tal dar mamadeira, trocar a fraldinha e passar talquinho no bumbum peludo? Essa é uma suposição, claro! Quem vê cara, nesse caso, vê traseiro, certo? A propósito: serão deslocados procuradores da força-tarefa da Lava Jato ou já temos o departamento da supernanny de peludo malcriado?

Ah, estou tão triste!

Eu adoraria é ver procurador entrando no fogo cruzado contra a bandidagem no dia a dia das ruas. Eu adoraria é ver aqueles senhores com terninhos pretos sempre dois números abaixo enfrentando a chuva de balas. Mas sabem como é…

Pobre, seja bandido ou gente de bem, não tem direito a procurador para chamar de seu. Não tem direito a supernanny. Isso é só para esses projetos mal-acabados do mal-acabado Guilherme Boulos. Isso é só para essa bandidagem política de pedigree, que sai quebrando tudo por aí e depois corre para os braços da mamãe, chorando a sua fragilidade incivilizada.

Que nojo disso tudo!

Leio na Folha: “Os procuradores vão gravar imagens e áudios nas próximas manifestações para avaliar a conduta dos policiais durante os protestos. Segundo a procuradoria, ‘o objetivo é analisar se a atuação do poder público atende aos parâmetros nacionais e internacionais de uso moderado e proporcional da força pelo Estado, assim como se estão sendo observadas as normas do devido processo legal pela polícia judiciária’”.

Entendi. O Ministério Público Federal não vai avaliar, então, se a canalha que sai quebrando tudo ultrapassa ou não os limites do razoável. Um policial militar, agora, antes de agir, tem de saber que há um rapaz de terninho apertado filmando-o. Como ao policial cabe agir e ao procurador apenas filmar; como ao policial cabe fazer escolhas difíceis e ao procurador apenas ligar a sua câmera, a chance de o representante da PM ser caracterizado como bandido é gigantesca.

Se sou um PM e sou convocado para um evento desses, sabem quando vou usar a força? Nunca! Para quê? Para virar alvo dos rapazes do terninho preto? Para correr o risco de ser punido? Que quebrem tudo, então!

Trata-se, entendo, de um caso claro de abuso de autoridade. Uma coisa é o MP investigar, e lhe cabe, eventuais abusos cometidos por policiais. Outra, distinta, é criar uma força secreta para vigiar o trabalho da polícia, como se esta já chegasse à rua na condição de suspeita.

Mas quem há de contestar? Trata-se de uma daquelas decisões estúpidas que, se enfrentadas, põem o oponente na condição de suposto defensor da violência gratuita. Ocorre que comprar briga com essa gente asquerosa é a minha especialidade.

Algo vai mal quando uma força do estado brasileiro é destacada para proteger quem transgride a lei, os transgressores. É um escárnio que policiais sejam considerados, em princípio, suspeitos.

Em nota, o governo de São Paulo disse o óbvio:
“O livre exercício dos direitos fundamentais sempre contou e contará com o apoio do Governo do Estado, que por isso não convive com condutas que possam violá-los, especialmente as que a legislação penal define como criminosas. O Governo do Estado apoia todas as atribuições do Ministério Público Federal e mantém seus órgãos competentes à disposição para o que for pertinente.”

Ah, sim: a investigação nasceu de um pedido do Grupo Tortura Nunca Mais e do Sindicato dos Advogados de São Paulo. Ambos apontaram supostas violações de direitos humanos durante os protestos.

Atacar policiais e depredar patrimônio público e privado, por óbvio, são práticas que não violam direitos de ninguém.

A minha satisfação está em constatar que, em São Paulo ao menos, esse tipo de escolha canalha só reforma a ojeriza aos bandidos vermelhos, de carteirinha e estrela.

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