Editorial: Não existem “adeptos da tática black bloc”. Existem uma organização criminosa e criminosos
Setores da imprensa brasileira me irritam até mais dos que os black blocs. Sabem por quê? Os justificadores de crimes e criminosos se igualam intelectualmente aos delinquentes, mas são protegidos por sua pusilanimidade. Os bandidos mascarados, vá lá, têm ao menos uma virtude, mas posta a serviço do mal: a coragem. Já os black blocs dos teclados e dos microfones, bem, esses aliam o conforto da covardia ao delito moral.
Em que democracia do mundo, me digam, há a licença para sair por aí quebrando, depredando e incendiando em nome de uma causa? Em que democracia do mundo, manifestantes avançam contra uma linha policial, agredindo os que detêm o monopólio legal do uso da força, sem que os agressores arquem pesadamente com as consequências?
Às esquerdas perturbadas — derrotadas pela economia, pelos fatos, pela matemática e pela ciência –, não restou mais nada além das invectivas gratuitas contra “as forças da repressão”, pouco importando se tais forças servem, como já serviram, a um regime discricionário ou, como é o caso hoje em dia, ao regime democrático.
Há plena liberdade de opinião e de manifestação no Brasil. A primeira só não é mais livre porque a patrulha politicamente correta, exercida pelas milícias de opinião de esquerda, não deixam. No caso da segunda, não se tome a liberdade por licença para transgredir as leis acolhidas pela Constituição democrática e os princípios básicos que organizam a vida civilizada.
Eu me sinto enojado a cada vez que leio na imprensa a expressão “adeptos da tática black bloc”. Que diabo é isso? “Tática” de quê? Não estou comparado, mas levando o argumento ao limite para que se desnude a farsa: como seriam chamados hoje em dia os nazistas? “Adeptos da tática do extermínio de judeus”? Como chamaremos o Estado Islâmico? “Adeptos da Tática de Extermínio do Inimigo”?
Estamos falando de criminosos. Estamos falando de bandidos. Se os “adeptos da tática PCC” pertencem a uma organização criminosa, os ditos “adeptos da tática black bloc” pertencem a quê? Então não há na sua atuação uma preparação, uma logística, uma urdidura, uma, enfim, “organização”?
Leio no Parágrafo 1º do Artigo 1º da Lei 12.850, que define organização criminosa, o seguinte:
“Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.”
Ora, isso não compreende as ações dos black blocs? Parece que sim! Mas que não se pare por aí. Todos os indícios apontam para a cooperação clara, escancarada, evidente entre o Movimento Passe Livre e os bandidos mascarados.
Alexandre Moraes, secretário de Segurança, afirmou que os black blocs detidos nas manifestações serão acusados de organização criminosa. É o mínimo, não?
Finalmente, arremato com uma informação importante, para que saibamos como são feitas as salsichas da mistificação. As capas de jornais desta quarta estamparam a foto de um rapaz com o rosto ensanguentado. Trata-se de Éber Carlos Veloso. Sim, claro, deve-se apurar se houve excesso policial, sempre! Segue uma minibiografia do rapaz:
– é filiado ao PSTU. Até aí, vá lá;
– é segurança do Metrô e está de licença médica, considerado inapto para o trabalho. Epa! Mas está apto para promover baderna? Sigamos:
– recebe sem trabalhar desde julho de 2015. Já sabemos como usa seu tempo livre;
– como segurança do Metrô, ainda que de licença, tem passe livre nos trilhos;
– como destaque em sua página do Facebook, Éber celebra homicidas como os do grupo terrorista Baader-Meinhof.
Cai o pano.
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