Editorial: A nota do PT que joga Delcídio ao mar assina os crimes de Vaccari

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 26/11/2015 16h02
BRASÍLIA, DF, 03.06.2015, 17H00: DELCÍDIO AMARAL - O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), durante sessão deliberativa no plenário do Senado, em Brasília (DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress) Pedro Ladeira/Folhapress Delcídio Amaral

Não adianta!

Eles não têm cura!

São o que são!

Trata-se de uma natureza.

A direção do PT decidiu virar as costas para o senador Delcídio Amaral (MS). Ele que se lasque. O partido não tem nada com isso. Tanto a voz oficial da legenda é essa que Janio de Freitas afirma a mesma coisa em sua coluna, nesta quinta.

Nesta quarta, o partido divulgou uma nota a respeito da prisão de Delcídio, nada menos do que o líder do governo no Senado. Leiam a íntegra:

“O presidente Nacional do PT, perplexo com os fatos que ensejaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ordenar a prisão do Senador Delcídio do Amaral, tem a dizer o seguinte:
1- Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador tem qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado;
2- Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade;
3- A presidência do PT estará convocando, em curto espaço de tempo, reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar medidas que a direção partidária julgar cabíveis”.

Não só o partido deixa claro que não está solidário, como ameaça o parlamentar com punições. Já começou um movimento na legenda para expulsá-lo. É bem provável, dado o quadro, que isso aconteça — a menos que ele saiba demais e ameace contar tudo. Mas ele não tem cara de quem conhece os arcanos do petismo.

O que é de fato importante nessa nota? Evidentemente, não é o fato de estarem jogando Delcídio ao mar. Isso era o esperado, mas por razões talvez nem tão óbvias para todos.

Leiam a nota do PT com cuidado. Está lá no meu blog. O que chama a minha atenção é que o partido não mudou uma única linha do seu credo maligno.

Rui Falcão, presidente do partido, diz estar perplexo. Ora, Ora, o PT abriga pessoas acusadas de crimes muito maiores do que os do Delcídio, não é? E não se viu perplexidade nenhuma em Falcão.

No fim das contas, o que é que se lê ali? O PT não vai defender Delcídio porque os crimes de que é acusado mais o beneficiavam do que ao partido. Ou por outra: os criminosos que atuam em defesa da máquina, em defesa do sistema, em defesa da “famiglia”, em defesa da organização, bem, esses merecem guarida. Serão chamados de “heróis do povo brasileiro”.

Há dias, Lula discursou num congresso na juventude petista. Falou a pessoas que seguravam faixas que traziam gravados os nome de Varões de Plutarco como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Vaccari.

Lula, ele mesmo, já fez a defesa dos dois ex-tesoureiros, homens de sua absoluta confiança. Sim, esses conhecem os arcanos.

Reparem na lógica de Rui Falcão: segundo diz, nenhuma das acusações contra Delcídio está relacionada com a sua atividade partidária. Por isso, nada de defendê-lo. Já todas as ações de Vaccari estão relacionadas com sua atividade partidária. E o que foi que Vaccari praticou, segundo uma infinidade de testemunhos e segunda evidências em penca? Crimes!

Em evento do Instituto Lula, na CUT, nesta quinta, Falcão repetiu a decisão, aí de viva voz. E deixou claro que há mesmo uma movimentação para expulsar Delcídio. Norte moral: crime para benefício pessoal, forca; crime em benefício da irmandade petista, aplauso.

Que coisa!

A nota em que o PT tenta se livrar de Delcídio assina a autoria dos crimes cometidos por Vaccari.

Não adianta!

Eles não têm cura!

São o que são!

Trata-se de uma natureza.

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