Editorial: O debate hoje na Band e o que importa
O tucano Aécio Neves e a petista Dilma Rousseff se encontram hoje à noite, no debate da TV Bandeirantes, em São Paulo, marcado para começar às 22h15. É o primeiro do segundo turno. Haverá mais três: na quinta, dia 16, o confronto acontece no estúdio do SBT, num evento também promovido por esta Jovem Pan e pelo UOL. No domingo, 19, será a vez do debate da TV Record. No dia 24, antevéspera da eleição, há o embate final na TV Globo. No meu blog, comentarei o debate em tempo real
Já não era sem tempo de os candidatos se enfrentarem para valer. Fazendo as contas, haverá a partir de hoje quase cinco horas de confronto entre os dois. No primeiro turno, em razão das exigências absurdas da Lei Eleitoral, que invadem o terreno da censura, os então dois principais candidatos pouco puderam se questionar: o embate direto somou, ao todo, apenas 19 minutos. Vale dizer: até o dia 26, esse tempo será multiplicado por 15. Melhor assim.
Jornalistas não participarão dos confrontos. Não é o melhor procedimento, acho eu, mas é evidente que isso não elimina o mérito do embate. Entregues apenas às próprias estratégias, os candidatos poderão, eventualmente, esgrimir com mais largueza números criativos, sem a intervenção neutra da imprensa. Ainda assim, os eleitores têm muito a ganhar.
Tendemos a achar que o eleitorado não sabe votar quando nos contraria e é um verdadeiro sábio quando vota de acordo com o que consideramos o melhor. Essa questão nunca vai abandonar a democracia. E, no dia em que abandonar, então democracia não será mais. À direita e à esquerda, fanáticos ficam pensando maneiras de tornar as escolhas populares irrelevantes: uns tentam criar regras que excluam o povo; outros se esforçam para criar mecanismos que controlem o povo, de sorte que ele acredite ser livre sem ser. Quando supostos “movimentos sociais”, por exemplo, falam em nome da população, estamos diante de uma fraude. Estão é falando em defesa dos próprios interesses.
Uma sociedade livre sempre sabe votar, gostemos ou não do resultado. É claro que o processo político tem de se encarregar de não oferecer como opções possíveis alternativas que destruam o próprio sistema. Sim, ouvintes, uma democracia que permite que notórios inimigos das liberdades atuem livremente está marcando um encontro com o caos. Mas comentarei esse assunto outra hora.
Espero que este primeiro dos quatro encontros marcados dê início ao caminho virtuoso do debate de propostas, o que não exclui, é evidente, a crítica ao que não anda bem no país. Afinal, só se pode mudar — e tanto Aécio como Dilma prometem mudanças — o que não está bem.
“Ah, mas será que eles têm de falar de Petrobras?” Claro que sim! A corrupção na maior empresa brasileira, uma estatal, é peça-chave, se querem saber, para a definição do nosso futuro. Até quando o estado gigante será a fonte de nossas misérias e de nossa miséria? É importante punir os bandidos que lá atuaram. Mas é ainda mais importante impedir que o descalabro se repita.
Assistam a esse e aos demais debates. Convençam seus amigos a fazer o mesmo. Todos os votos são legítimos. Mas vota melhor quem se informa melhor.
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