Editorial – Pesquisa: Lula seria eleito hoje presidente. Viva a direita xucra!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 15/02/2017 14h41
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BRA84. SAO PAULO (BRASIL), 20/09/2016.- Fotografía de archivo del 28 de marzo de 2016 del expresidente de Brasil Luiz Inácio Lula da Silva en Sao Paulo. El juez responsable por la investigación del gigantesco escándalo de desvíos en la petrolera brasileña Petrobras aceptó hoy, 20 de septiembre de 2016, los cargos por corrupción y lavado de dinero formulados contra Lula da Silva y lo convirtió por primera vez en reo en el histórico proceso. El juez federal Sergio Moro aceptó la denuncia formal presentada la semana pasada por la Fiscalía contra Lula, a quien acusa de haber recibido favores de una de las empresas beneficiadas por los desvíos en la petrolera estatal, según la decisión divulgada por su juzgado. EFE/Sebastião Moreira EFE/Sebastião Moreira Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - EFE

Se a eleição fosse hoje, segundo pesquisa CNT, Luiz Inácio Lula da Silva venceria a disputa. E com folga. Os inocentes acham que o PT é carta fora do baralho. O partido não vai bem das pernas. Lula sempre foi outra coisa, e não percebê-lo constitui erro fatal, que se está cometendo de novo. Em 2002, ano em que o PSDB foi apeado do poder, foi assim. “Ah, mas Lula não será candidato porque condenado em segunda instância…” Pode ser! E que se cumpra a lei. Mas só um idiota ficaria feliz com o fato de um grupo de togados fazer pelo Brasil o que o povo não faria por si mesmo. Já chego aos números. Antes, eu vou falar dos meus vários, múltiplos e infindáveis acertos. Sim, eu estava certo. E aqueles que me atacaram nesse período estavam errados.

É possível combater a corrupção e o crime sem desrespeitar a lei. E a Lava Jato desrespeita. Da forma como se dão as prisões preventivas, passando pelas entrevistas coletivas de procuradores a denunciar complôs inexistentes, passando pela indústria de vazamentos, tem-se o óbvio: o escárnio do estado de direito. E nada disso era e é necessário.

Essa herança de desrespeito pelo devido processo legal será aproveitada por governos vindouros — quem sabe pelo próprio Lula, não é? Como é mesmo? “Se todos são a mesma merda, por que não Lula?” Ou ainda: “Se todos são iguais, então Lula é melhor”. Até porque ele já foi testado e “funciona” — em inglês, a versão é precisa: Lula “works”. O verbo tem um sentido mais amplo e mais concreto do que o nosso “funcionar”. Sim, na vigência de seu mandarinato, a vida dos pobres melhorou. À custa de empenhar o futuro. Até aí, tadinho, quem advertia para isso era Reinaldo Azevedo… Que vivia debaixo de porrada.

Antes dos números, vou ainda mais fundo.

A Lava Jato, a continuar tudo como está, será o caminho mais longo, mais traumático, mais caro, mais recessivo, mais amalucado entre a esquerda e a esquerda. Mais ainda: terá gerado o maior surto de impunidade da história do país. Aliás, quero ser mais preciso, e com uma tese mais geral: na grande disputa que há hoje no Brasil, existem, de fato, três partidos:

— PT e associados de esquerda;

— PMDB-PSDB e associados do “Centrão”

— Lava Jato e Imprensa

O PT é o de sempre. Tem lá as suas crenças e se preparou para viver um tempo de martírio, sem nunca se desligar de seu demiurgo. É ele que confere legitimidade à mística de que os pobres estão aí para dividir. O núcleo PMDB-PSDB tem lá algumas convicções um pouco mais alinhadas com o mercado, vêm de uma cultura política — e só a política! — um pouco mais identificada com o liberalismo, mas tem sido incapaz de incendiar as imaginações com uma gesta, com uma luta.

E há o terceiro partido — este, sim, muito complicado porque, a rigor, é o mais autoritário dos três. Está convicto de que certas regras do Estado de Direito só servem à impunidade. Esse partido está convencendo a sociedade de que:

– toda a classe política é larápia e corrupta;

– mesmo o funcionamento normal da gestão obedece a interesses menores;

– só existe uma fonte de verdade no país: a Lava Jato;

– as leis que temos só servem para proteger bandidos; – se for para o bem do país, que mal há em desrespeitar as leis e a Constituição? Desde que o alvo não seja “o nosso partido”, tudo bem;

Para ilustrar o que vai acima: vi ontem o ministro Eliseu Padilha ser demonizado porque afirmou que a nomeação de um ministro da Saúde do PP haveria de implicar que o partido votasse com o governo.

A coisa foi tratada como escândalo.

Os movimentos que foram às ruas pedir a deposição de Dilma Rousseff têm um protesto marcado para o dia 26 de março. Um dos Itens da pauta, ora vejam!, é a defesa da Lava Jato — ou quase isso. Há lá coisas como o apoio à reforma da Previdência, a reforma trabalhista, fim da mamata aos políticos etc e tal. Bem! Viva a Lava Jato, claro! Mas ela corre risco?

O ato, se realizado, é evidência de alienação. O Brasil real está passando por outro lugar. Não se trata de uma disputa de “narrativas” — essa palavra cujo sentido maldito o tal Pablo Capilé instituiu, o que foi assimilado pelos conservadores. Trata-se de encarar os FATOS. NOTA: essa conversa de que tudo é narrativa embute uma má-fé, mesmo que involuntária. No fim das contas, o que se quer saber é quem apresenta a versão mais eficiente. “Disputa de narrativas” é uma conversa de historiadores — importante, sim! —, mas apropriada de forma indevida por militantes políticos. No fim das contas, essa tal narrativa é só a faixa mais estreita da ideologia. Sim, esquerdistas e conservadores têm de ler “A Ideologia Alemã”, de Marx.

Não é só falta de leitura da realidade que nos assombra. Também é a falta de leitura.

Na madrugada de domingo pra segunda, escrevi aqui quatro posts da série “A Revolução dos Idiotas”. Os títulos são muito significativos:

– Revolução dos Idiotas 1 – PT faz direita xucra zurrar de prazer”;

– Revolução dos Idiotas 2 – Esquerda exige direita xucra nas ruas”;

– Revolução dos Idiotas 3 – Discurso da Lava jato absolve o petismo”;

– Revolução dos Idiotas 4 – Xucros pavimentam volta das esquerdas.

Sim, é claro que eu estava certo. É claro que estou certo.

Ah, os números que importam estes:

PRIMEIRO TURNO
Cenário 1
Lula 30,5%
Marina Silva 11,8%
Jair Bolsonaro 11,3%
Aécio Neves 10,1%
Ciro Gomes 5,0%
Michel Temer 3,7%

Cenário 2 – 1° turno
Lula 31,8%
Marina Silva 12,1%
Jair Bolsonaro 11,7%
Geraldo Alckmin 9,1%
Ciro Gomes 5,3%

Cenários 1, 2 e 3 – 2º Turno
Lula 39,7%
Aécio 26,5%

Lula 42,9%
Temer 19%

Lula 38,9%
Marina 27,4%

Há outros números importantes, que dizem respeito ao governo Temer e que também podem ter impacto eleitoral negativo — isto é, em favor das esquerdas.

Os conservadores brasileiros precisam consumir mais feijão e livros. Ou o que lhes resta? Rezar agora para que um tribunal consiga livrar o Brasil de si mesmo. Ou por outra: espera-se que a toga faça o que a maioria não quer.

Encerro

Ah, sim: esse cenário é um alento e tanto para o PT e para Lula. Mas essa conquista tem mesmo é de ser atribuída ao PAMPI: o Partido do Ministério Público e da Imprensa.

Ah, claro: ainda vou falar mais do PAMPI.

E também escreverei sobre o espetáculo grotesco de impunidade.

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