Editorial: “Petistite” é doença grave e, se nada for feito, letal; ou o Brasil acaba com ela, ou ela acaba com o Brasil

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 19/01/2015 18h06
Reprodução Escândalo da Petrobrás marca ano recheado de corrupção
A refinaria Abreu e Lima é o sintoma mais agudo de uma infecção: a “petistite”. Antes dela, claro!, o país passou por outros perrengues, mas, como já resta evidente com o pouco que se sabe até aqui, nunca houve nada tão grave —  e dificilmente haverá. A doença é perversa pelo estrago que provoca no organismo Brasil, mas não só por isso. O agente patogênico, o Petralha, pertence à cepa dos micro-organismos que enganam o sistema imunológico da sociedade: é a estirpe VS — Vigarice Socialista. A VS, de que o Petralha é uma derivação mais agressiva, se insinua no organismo saudável com o discurso da igualdade, da reparação social, da generosidade e da distribuição de renda.
Aos poucos, vai debilitando o organismo saudável, que vai tendo o tecido necrosado por suas toxinas. Já hoje, há males provocados pela petistite que são permanentes. Sim, meus caros: há tecidos que estão necrosados, que já não têm recuperação. Nota à margem: o vírus “Petralha” é formado por duas proteínas — o petismo e o quadrilhismo Metralha.
Neste fim de semana, ficamos sabendo de uma coisa estarrecedora. Estudos técnicos da Petrobras, revelados por reportagem da Folha, informam que a refinaria Abreu e Lima não tem mais cura. Seu prejuízo será de, no mínimo, US$ 3,2 bilhões. Orçada em 2005 em US$ 2,4 bilhões, já está em US$ 18,5 bilhões. Trazendo a valores presentes, o que a refinaria poderá gerar de benefícios ao longo de sua vida útil, chega-se àquele prejuízo de US$ 3,2 bilhões.
Diante da evidência, o que fez a Petrobras neste domingo? Responsabilizou pelo descalabro Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Abastecimento que fez acordo de delação premiada. Sim, ele já admitiu superfaturamento em obras. Mas será que um homem, sozinho, é capaz de tal estrago? Segundo a nota da estatal, “testes realizados pela companhia até 2013 não indicaram a necessidade de reconhecimento de perdas de investimentos realizados na refinaria de Abreu e Lima”. Ocorre que a direção admite que os tais testes não tinham como objeto apenas a refinaria, mas o conjunto das obras da estatal.
Segundo informa a Folha, “estudos técnicos da empresa já apontavam as perdas quando membros de seu Conselho de Administração aprovaram a continuidade das obras da refinaria, em junho de 2012. Entre eles, estavam a atual presidente da estatal, Graça Foster, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e os empresários Jorge Gerdau e Josué Gomes da Silva”.
Atenção! A Petrobras só criou uma comissão interna para avaliar o desastre de Abreu e Lima em abril de 2014, depois da Operação Lava Jato. Todas as vezes em que se tentava saber que diabo se passava na Petrobras, as toxinas produzidas pelo vírus Petralha acusavam uma conspiração contra a empresa. Não custa lembrar que, nas campanhas eleitorais de 2006 e 2010, o PT inventou uma suposta intenção do PSDB de privatizar a estatal. Ainda em 2014, a candidata Dilma Rousseff tangenciou esse discurso.
Há mais.  Na VEJA desta semana, os repórteres Malu Gaspar e Robson Bonin informam que uma auditoria interna da Petrobras sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, produziu um relatório de 113 páginas. A revista teve acesso ao documento. Pois bem: entre as pessoas que concorreram para que se fizesse a operação desastrosa — que, segundo o Tribunal de Contas da União, gerou um prejuízo de US$ 792 milhões — estão, claro!, Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional; Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento; Renato Duque, ex-diretor de Serviços, e José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal.
Atenção! O relatório, produzido sob os auspícios da atual direção, comandada por Graça Foster, aponta apenas “falhas”. É, ouvintes! Mais uma vez, as toxinas produzidas pelo vírus petralha impedem que as coisas sejam chamadas por seu devido nome. É espantoso. O relatório aponta, por exemplo, que Nestor Cerveró, o principal executivo que conduziu então as negociações, ofereceu por metade da refinaria americana 80% a mais do que a avaliação feita pela consultoria Muse Stancil, contratada pela própria Petrobras.
Só isso? Não! Ceveró ofereceu ainda US$ 25 milhões de bônus a serem divididos entre funcionários da Petrobras e da belga Astra, então dona da refinaria americana, à qual adiantou outros US$ 10 milhões antes mesmo do fechamento do negócio. Leiam a reportagem: há incríveis, digamos, maquinações protagonizadas também por Costa, Duque e pelo próprio Gabrielli. Não obstante, o relatório produzido sob, se me permitem, as graças de Graça Foster, não fala a palavra “irregularidade” em nenhuma de suas 113 páginas. Fica parecendo que esse time de patriotas atuou de forma escandalosamente lesiva aos cofres da Petrobras apenas por distração. Nota: Costa já admitiu que recebeu propina também nessa operação.
A petistite corrói os cofres públicos, compromete o futuro do país e, se não for combatida, tira da sociedade a sua capacidade de reagir. O organismo não morre porque, como provam o Haiti e o Sudão, países não morrem; de algum modo, sobrevivem. Mas podem se inviabilizar para sempre. Ou o Brasil acaba com a petistite, ou a petistite acaba com o Brasil.

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