Editorial: A reação dos fascistas de esquerda e de direita à contratação de Kim Kataguiri

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 18/01/2016 16h27
kimkataguiri//Reprodução/Instagram Kim Kataguiri

Espantosas, mas não inesperadas, as manifestações de ódio que se seguiram à notícia de que Kim Kataguiri, um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre, será colunista da versão eletrônica da Folha.

Tanto aqui como nas redes sociais, os zumbis resolveram assombrar o mundo dos vivos — zumbis de extrema esquerda, zumbis de extrema direita, zumbis do extremo ressentimento (“Pô, por que o Kim e não eu?”)…

Considerando os valores que Kataguiri e o movimento que ele integra defendem, isso só evidencia o acerto da escolha.

Uma verdadeira corrente de idiotas tentou invadir meu blog acusando a minha interferência na contratação, já que sou colunista do jornal. É mesmo?

Que pena! Não me atribuam méritos que não são meus. Infelizmente, não tenho nada com isso. Se eu decidisse quem escreve na Folha, além de Kataguiri, levaria algumas outras pessoas. E, por óbvio, dispensaria outras tantas. Mas nem decido nem influencio.

Quando os fascistas, de direita ou de esquerda, derem um golpe, então eles determinam quem escreve e quem não escreve na Folha e nos demais veículos. Enquanto o Brasil for uma democracia, essa escolha cabe àqueles que comandam as empresas jornalísticas.

É muito típico da esquerda vigarista querer o monopólio do colunismo — em que, diga-se, os vermelhos são a esmagadora maioria, embora sejam minoritários na sociedade. É muito típico dos reacionários bolorentos, recendendo a naftalina ideológica e teses putrefatas, acusar a imprensa de dar espaço apenas para o oposicionismo domesticado. Reivindicam que a mídia lhes dê picadeiro para pregar que se rasgue a Constituição. Asco!

Kim Kataguiri, o Movimento Brasil Livre, o Vem Pra Rua e outros grupos que hoje mobilizam centenas de milhares, com uma pauta que não têm vergonha nenhuma de ser liberal, representam um Brasil que se cansou de ser tiranizado pelo Estado, que se cansou do monopólio esquerdopata no ambiente da cultura e do debate político, que se cansou de uma direita reacionária que grita a sua própria impotência porque incapaz de reconhecer os valores da democracia, da diversidade e da pluralidade, fingindo que sua própria intolerância compõe os fundamentos de uma bíblia universal.

Quando a Folha me convidou para escrever no jornal, houve gritaria parecida. E se manifestaram esses mesmos. Não esquecer que a então ombudsman, Suzana Singer, houve por bem me chamar de cachorro.

Contam-me que, no Facebook, alguns doutrinadores disfarçados de professores de jornalismo também secretam o seu ódio. Isso explica, em parte, por que jornalistas recém-formados, muitas vezes, acham que os fatos são pura “conspiração da direita”. Acreditam que podem usar a profissão para “fazer justiça social”.

E, claro, nesse ambiente de delinquência, não faltaram as manifestações de caráter escancaradamente discriminatório em razão da origem de Kataguiri. Um pergunta se ele vai escrever sobre pastel e caldo de cana; outro se a próxima contratação será do editor do “Mein Kempf”. Se Kim fosse negro, seria um escândalo. Mas ele é só meio japonês. Por que não?

Laura Carvalho, economista de esquerda, professora da USP e colunista do jornal, manda uma mensagem irônica para Gregório Duvivier, também colunista, humorista de esquerda (pleonasmo) e celebridade da Zona Sul do Rio: “Parabéns! Dividiremos espaço na Folha com o Kim Kataguiri. Não consigo imaginar nada mais gratificante”. E responde o aristocrata de si mesmo: “Desculpa, Laura, não sei quem é”. Ele é humorista, afinal. A mestra finaliza: “Hahahaha”. Achou graça da mentira contada por seu parceiro de polícia ideológica.

Que coisa! Kim Kataguiri tem apenas 19 anos. São muitas gerações mortas tentando fazer peso nos seus ombros! Que essa moçada siga adiante: livre, leve, de olho no futuro.

E que os zumbis voltem para o fundo do seu ódio impotente.

Ah, sim: bem-vindo, Kim! Você ainda nem escreveu e já é um sucesso de público. Isso o torna ainda mais imperdoável aos olhos dos autoritários e ressentidos.

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