Editorial – Rogério Rosso vai disputar a Presidência da Câmara e desponta como favorito
E o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) desponta como o franco favorito à Presidência da Câmara. Depois de alguma hesitação — já que não poderá se candidatar no pleito seguinte –, acabou aceitando a tarefa. É um dos nomes do chamado Centrão. Há outros, mas ele é, sem dúvida, o mais forte. E tem condições de atrair também o apoio do PMDB seja no primeiro, seja num segundo turno, dado como certo.
O presidente Michel Temer se mantém longe da disputa, mas é evidente que o nome é do seu agrado. Rosso demonstrou ser um político hábil e com capacidade de liderança na condução da Comissão do Impeachment. Tem trânsito nas várias bancadas.
A eleição está marcada para esta quarta-feira. O PSDB e o PPS se inclinam, no momento, para o nome de Julio Delgado (PSB-MG). Que sentido faz? Não sei. Não há a menor chance de ele enfrentar alguém com o apoio do Centrão. É o tipo de marcação de posição que não me parece servir para muita coisa.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) costura ainda os apoios do PT e do PCdoB, o que me um arranjo por demais heterodoxo. Alguma concessão haveria de ser feita a dois partidos que deixam claro que pretendem fazer oposição sistemática ao governo.
Não faz sentido.
Para ser franco, até agora não entendi — e duvido que eles próprios estejam entendendo — as escolhas feitas pelo PSDB e pelo DEM.
A mim soa um despropósito que Rodrigo Maia busque o suporte de petistas e de comunistas. Isso parece indicar que se trata, antes de mais nada, de uma empreitada individual. Ora, essas legendas romperam o padrão da oposição civilizada ao governo Temer. Colocam-se como sabotadoras da ordem constitucional, uma vez que dizem abertamente não reconhecer o governo, por ora interino, tachando-o de “golpista”.
Maia não é da base desse governo? Não pertence a um partido que apoiou ativamente o impeachment? A que vem essa união esdrúxula?
Os tucanos apoiaram o nome de Delgado quando da disputa com Eduardo Cunha. Embora estivesse claro que este era o favorito, a coisa se justificava: afinal, bem ou mal, o ora deputado afastado pertencia à base. E já havia, como é sabido, o peso da biografia. Marcar posição, naquele caso, fazia sentido. Agora, não faz.
Depois do PMDB, o PSDB é o maior partido da base. Parece que o mais sensato seria negociar o futuro. O presidente da Câmara que assumir agora ficará no cargo até 17 de fevereiro do ano que vem, quando, então, se realizam eleições para o novo biênio. Melhor seria buscar uma solução de compromisso.
O governo age com extrema cautela porque tem sempre em mente uma das sementes da crise política que aí está: o momento em que Dilma decidiu que poderia mobilizar a máquina federal para impedir a vitória de Cunha. Deu tudo errado, como é sabido.
A base está rachada, sim, mas não é um caso de vida ou morte. O melhor que os grandes partidos poderiam fazer é cerrar fileiras em torno do nome de Rosso, que reúne as condições para ser um candidato de quase consenso.
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