Editorial: Sarney ataca Marina. Eita candidata de Sorte

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 18/09/2014 19h08
RECIFE, PE, 23.08.2014: ELEIÇÕES 2014/MARINA SILVA - A candidata à Presidência Marina Silva (PSB) faz no Recife seus primeiros atos de campanha, ao lado do seu vice, Beto Albuquerque, , no bairro de Casa Amarela, zona norte de Recife (Foto: Anderson Stevens/Eleven/Folhapress) Eleven/Folhapress A candidata à Presidência Marina Silva (PSB) faz no Recife seus primeiros atos de campanha.

Marina Silva não pode reclamar de falta de sorte. E não estou tentando ser nem engraçado nem sinistro. Não me refiro à queda do avião, não, mas aos “inimigos” que começam a se apresentar. Convenham: nem num sonho bom um candidato à Presidência receberia um ataque feroz de José Sarney, o homem que não vai concorrer à reeleição no Amapá porque seria derrotado. Marina recebeu nesta quarta um presente divino.

Sarney subiu no palanque de Lobão Filho (PMDB), no Maranhão, que vai perder a eleição no primeiro turno para Flávio Dino, do PC do B, e esculhambou a candidata do PSB à Presidência. Leiam o que disse na noite de terça-feira:

“A dona Marina, com essa cara de santinha, mas [não tem] ninguém mais radical, mais raivosa, mais com vontade de ódio do que ela. Quando ela fala em diálogo, o que ela chama de diálogo é converter você”.

Vocês sabem como sempre digo tudo, mesmo correndo o risco de aborrecer, né? Pode até concordar com Sarney em certos aspectos, mas olhem quem está falando… Sim, é verdade, o seu nome vive sendo citado pela turma de Marina como símbolo do que se deve evitar em política. Mas me digam: a esta altura, que força política relevante e com um mínimo de seriedade, discordaria?

Receber essa crítica do velho coronel do Maranhão chega a ser uma láurea, uma condecoração. E ele seguiu adiante, animado pelos gritos de “guerreiro do povo brasileiro”, vindos de uma plateia rigidamente controlada:
“Ela [Marina] pensa que o mundo tem duas partes: uma condenada à salvação e outra à perdição”.

De fato, o mundo não está condenado a essas duas partes, mas o fato é que a política da família Sarney no Maranhão está condenada pela história e pelos números. Depois de cinquenta anos submetido às vontades do clã, o Estado exibe os piores indicadores sociais do país — embora, nem de longe, enfrente as condições naturais mais adversas. O mal do Maranhão é humano. Não vem da natureza nem dos céus.

A partir de amanhã, Marina já pode exibir o seu galardão: Sarney não quer que ela seja presidente. É um trunfo eleitoral gigantesco.

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