Editorial: Um soldado assassinado e tiros no Parlamento do Canadá. Suspeito principal: Estado Islâmico

  • Por Reinaldo Azevedo
  • 22/10/2014 18h08
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O pior pode estar em curso, e o Canadá talvez tenha sido só a primeira vítima. Vamos lá.

A região central de Ottawa, onde fica o Parlamento do país, foi fechada na manhã desta quarta e cercada por homens fortemente armados depois que três tiroteios deixaram pelo menos um soldado morto. Não se sabe o número de atiradores — um deles também teria morrido.

Os três incidentes armados, desconfia a Polícia, se deram de maneira coordenada. Um deles ocorreu no Memorial da Guerra, onde o soldado morreu, e dois outros no centro comercial. Um dos atiradores se refugiou depois no Parlamento, onde estava o primeiro-ministro, Stephen Harper. Segundo testemunhas, pelo menos 20 tiros foram ouvidos. Um porta-voz do hospital de Ottawa, citado pelo Reuters, informa que a instituição recebeu três feridos a bala depois dos incidentes. Além do soldado que morreu, havia duas outras pessoas, e uma delas seria guarda do Parlamento. Um vídeo que está lá no meu blog mostra a operação policial no interior do Parlamento, com muitos tiros.

Tão logo se deu alarme da invasão do Parlamento, Harper e outros membros do governo foram retirados do prédio e levados para uma área considerada segura.

Os ataques em Ottawa ocorrem dois dias depois de um rapaz investigado por ligações com o jihadismo ter atropelado de forma deliberada dois soldados em Quebec — um deles morreu. O assassino, que também foi morto, se chamava Martin Rouleau Coulture, tinha 25 anos e havia se convertido ao islamismo. No dia em que Coulture praticou o atentado, aviões canadenses haviam chegado ao Kwait para integrar as forças ocidentais que fazem ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.

Estado Islâmico

As autoridades evitam falar o nome da coisa, mas o nome da coisa povoa todas as mentes: Estado Islâmico. O grupo prometeu praticar atentados em todos os países que decidissem integrar as forças que realizam ataques a bases dos terroristas na Síria e no Iraque.

Pior: segundo o anúncio que fizeram, essas ações seriam perpetradas pelos naturais de cada país. À diferença do modus operandi conhecido do terror até agora, os homicidas-suicidas anunciados pelo Estado Islâmico não seriam estrangeiros. Não! Eles contam com o fanatismo de convertidos, como era o caso de Coulture, sem qualquer vinculação histórica, cultural ou familiar com o islamismo. Na maioria das vezes, esses jovens são recrutados ou pela Internet ou por intermédio de religiosos islâmicos extremistas, que atuam livremente nas democracias.

Caso se confirme que o evento desta quarta também está relacionado com o Estado Islâmico, parece que os países ocidentais estão com um problema gigantesco nas mãos. Não são apenas os ataques aéreos às bases dos terroristas na Síria e no Iraque estão se mostrando inúteis. Também no front interno, parece que as táticas para enfrentar o extremismo se mostram ineficazes.

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