Editorial – Vinte e quatro anos depois, PT faz mea-culpa e diz ter errado ao promover impeachment de Collor

  • Por Jovem Pan
  • 10/08/2016 14h43
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Brasil, Brasília, DF, 15/07/2015. O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) durante sessão deliberativa no Senado Federal, em Brasília (DF), depois que a Polícia Federal deflagrou a Operação Politeia, que mira em políticos investigados no Supremo Tribunal Federal(STF) por suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Collor está entre os alvos da investigação. A PF apreendeu um Porsche, uma Ferrari e um Lamborghini na Casa da Dinda, residência particular usada pelo ex-presidente. - Crédito:ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Código imagem:186377 ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO Fernando Collor no Senado

E chegou o dia em que o PT caiu de joelhos e pediu desculpas a … Fernando Collor. Sim, isso aconteceu.

É comum a gente usar a metáfora “fundo do poço” para designar alguém ou uma situação que não tem como descer mais. Alguém já brincou certa feita: “No fundo do poço, há um alçapão”. Ali, então, a gente poderia encontrar o PT. Mas não! Isso também já não expressa o monturo moral em que se transformou o partido que um dia lançou a palavra de ordem “ética na política”.

Todos vimos a enorme capacidade que tinha o PT de distorcer o passado e de criar ilusões sobre o futuro. Esse partido pegou o trabalho e a biografia de Fernando Henrique Cardoso, que tirou o país do abismo, e o reduziu à pecha de “herança maldita”, sob o olhar e a pena complacentes, quando não entusiasmadas, de alguns colunistas que hoje se colocam como defensores da legalidade — essa estranha legalidade feita da agressão à Lei Orçamentária, feita do assalto aos cofres públicos, feita do atentado às regras básicas da institucionalidade.

O PT, como se sabe, não se contentou, ao longo de seus 13 anos no poder, em tentar enlamear a biografia de lideranças como FHC. Não! Lula, pessoalmente, se encarregou de lavar a reputação de antigos adversários. Os casos mais notórios são José Sarney, Paulo Maluf, Delfim Netto e, sim, Fernando Collor de Mello.

Notem: desde que chegou ao Senado, em 2007, Collor passou a integrar a base de apoio ao PT.  Assim, o adversário histórico de Lula da eleição de 1989; o homem contra quem o chefão petista, na prática, liderou a campanha em favor do impeachment, há muito havia se tornado um aliado dos “companheiros”.

Mas atenção! O PT ainda não havia feito um mea-culpa em relação ao impeachment de Collor. Embora aliado há muito do senador por Alagoas, o partido não havia expressado ainda o seu arrependimento por ter defendido o impeachment — e Lula, insisto, foi o grande líder dos atos públicos. Outra estrela, ora vejam!, foi o então jovem cara-pintada Lindbergh Farias (PT), hoje senador pelo Rio.

Jorge Viana
A inacreditável e estupefaciente fala foi de autoria do senador petista Jorge Viana (AC). Ao se referir aos crimes de responsabilidade cometidos por Dilma, o petista afirmou que a Lei 1.079, que os especifica, é inaplicável. Aí, então, olhou para Collor, a quem chamou de “colega” e deixou claro: também o seu parceiro de Senado teria sido vítima da lei.

Depois de se dedicar de forma sistemática à destruição da biografia de seus adversários, o PT, nos seus estertores, decidiu enlamear a sua própria história.

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