Eliminar o mosquito é a medida mais eficaz e complexa, diz especialista da OMS

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2016 11h20
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Rio de Janeiro- RJ- Brasil- 26/01/2016- A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realiza na manhã desta terça-feira, dia 26 de janeiro, aspersão de inseticida (fumacê) na Marquês de Sapucaí. A atividade integra as ações de combate ao Aedes aegypti da Prefeitura em toda a cidade. Com a proximidade do Carnaval, estão sendo realizadas vistorias semanais no Sambódromo e no entorno. Ao longo do ano, a Marquês de Sapucaí recebe os agentes de vigilância em saúde de 15 em 15 dias. As ações também foram intensificadas na Cidade do Samba e nas quadras de escolas. Diariamente os agentes de saúde estão em campo, mesmo nos meses de menor presença do mosquito, fazendo rotineiramente visitas de inspeção aos imóveis de toda a cidade. Em 2016, até agora, já foram realizadas 705.995 visitas de inspeção, com 121.624 depósitos tratados e 46.224 depósitos eliminados, em toda a cidade. Foram realizadas 10 entradas compulsórias até o momento. Foto: Paula Johas/ PCRJ Paula Johas / PCRJ A Secretaria Municipal de Saúde fez uma ação para eliminar focos do Aedes aegypti na Sapucaí

 Nesta segunda-feira (01/02) a Organização Mundial da Saúde avalia em Genebra se o zika vírus deve ser considerado uma emergência de saúde pública internacional, como aconteceu recentemente com a epidemia de ebola, detectada na África. O comitê que está nessa reunião é formado por especialistas do mundo todo e a Jovem Pan conseguiu falar com um deles, a doutora e chefe da área de microcefalia da Organização Pan-Americana de Saúde da OMS, Suzanne Serruya.

A médica explica o propósito da reunião desta segunda-feira: “A OMS coordena globalmente os assuntos de saúde através de regulamentos. O objetivo da reunião de hoje é que o comitê internacional, através de regulamento sanitário internacional, o qual a maioria dos países é signatária, reconheçam a importância de se adotar determinadas recomendações da OMS na nossa região da organização pan-americana de saúde”.

Suzanne Serruya afirma que a medida mais efetiva e que deve ser estimulada por todos os governos é a eliminação do vetor: “Uma grande força tarefa regional para diminuir a presença do vetor. É a medida mais eficaz e talvez a mais complexa, por envolver analisar as casa, distribuir informações, mas precisa conter mosquito. (…) Estamos falando de zika, mas também de dengue que é mortal e chickungunya”.

A OMS deve definir também os critérios mundiais para a classificação de casos de microcefalia. No Brasil, cada estado utiliza uma metodologia diferente para informar os casos oficialmente ao Ministério da Saúde. Isso pode desenhar um panorama equivocado do cenário epidêmico nacional e dificultar o estabelecimento de estratégias de combate ao zika vírus. Suzanne Serruya afirma que “Estamos começando a avaliar a extensão. A microcefalia é uma alteração neurológica, aliada a infecções perinatais, como rubéola, citomegalovírus, sífilis, entre outros, que são mais bem estudadas e conhecidas. O vírus zika é muito novo. Ainda é cedo para dizer o grau de virulência. (…) Dos primeiros casos para agora tem menos de seis ou sete meses”. A médica afirma que já existe um protocolo que está em constante atualização para os países latino-americanos, com todas as orientações sobre o zika vírus e hoje pode ser elaborado um global.

A médica também defende um debate sobre o aborto, o que é dificultado pelas diferentes legislações da região: “Temos países onde é permitido (o aborto) em qualquer situação e temos países em que não é permitido nem para salvar a vida da mãe. É inevitável que a sociedade discuta isso. O governo precisa conversar com a sociedade e pensar na proteção das mulheres, principalmente das mais vulneráveis, que não vão ter como recorrer a um procedimento de maneira segura”. Suzanne Serruya explica que a maior concentração de casos no nordeste ocorreu por causa das grandes populações do mosquito e do menor acesso a informações e a acompanhamentos pré-natais e pós-conceptivos.

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