Em 2016, mais de 3 mil crianças e adolescentes foram vítimas de abuso sexual no Estado de SP

  • Por Jovem Pan
  • 25/05/2017 11h18
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Reprodução Abuso e exploração sexual - rep

No ano passado, mais de três mil meninas e meninos foram vítimas de abuso e exploração sexual somente no Estado de São Paulo. A reportagem é de Anderson Costa, com produção de Vinícius Silva. Confira:

“Começou na infância, que comecei a ser abusada pelo marido da minha irmã e isso se estendeu dos 9 aos 16 anos. O abuso explícito era mais de madrugada. Eu acordava com o pedófilo mexendo nos meus órgãos genitais”.

O relato da psicoterapeuta Camila, nome fictício já que ela prefere não ser identificada, infelizmente é o retrato de algo que ainda é tratado como um tabu por muitas famílias brasileiras.

Hoje, aos 53 anos, ela revela como foi a tentativa de contar aos pais sobre os abusos cometidos pelo próprio cunhado. “Eu não sei o que é mais difícil, se é o abuso em si ou se é a dificuldade da sociedade de lidar com essa questão”, conta.

O caso de Camila não é único e dados do Governo Federal apontam que somente no Estado de São Paulo, 3.070 meninas e meninos foram vítimas de abuso e exploração sexual em 2016.

Segundo o levantamento, 45% tinham idade entre 0 e 11 anos e 44%, 12 a 17 anos. O restante dos menores não teve a faixa etária revelada.

Especialistas acreditam, porém, que o total de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes pode ser ainda maior.

A coordenadora do Centro de Referência a Vítimas de Violência do Instituto Sede Sapienza, Dalka Ferrari, diz porque muitas ocorrências não são registradas. “A vítima, ela sabe que na medida que falar, vai acontecer algum problema dentro da família. Então ela começa a se sentir culpada antes de falar. E às vezes ela fala e as pessoas não acreditam”, relata.

Para tentar mudar a realidade, a Secretaria de Desenvolvimento Social espalhou nesta semana mais de 15 mil cartazes alertando para este tipo de violência, como explica o secretário Floriano Pesaro. “Nós estamos trabalhando com essa imensa rede justamente para alertar para o problema. O alerta é a principal ação. E mostrar que há punição”, ressalta.

Quase 40 anos depois, Camila voltou a namorar o mesmo rapaz da adolescência e ele guardou cartas que ela escrevia na época.

Nos relatos, também havia desenhos que representam, para os psicólogos, sinais claros de que a jovem sofria algum tipo de violência.

Camila diz como conseguiu superar os abusos e reforça que é preciso vencer o que ela chama de complô do silêncio: “eu posso dizer que a gente precisa aprender a falar sobre a questão, dialogar, não fazer um bicho de sete cabeças, vencer o complô do silêncio, que ele parece que é pior que o próprio abuso, recorre a psicoterapia, relaxamento. Se ao mesmo tempo a gente não deve silenciar, a gente também não deve falar só sobre isso”.

Os telefones para denúncias de casos de abuso e exploração sexual de menores são o disque 100 do Governo Federal e o 181 do Estado.

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