Emílio Odebrecht tenta justificar “ajuda” a políticos e leva bronca de promotor
Na maioria das delações da Odebrecht relacionadas à Operação Lava Jato, a voz dominante é a do delator. Afinal de contas, a cada relato se revela um personagem, um apelido, uma intenção, um pagamento.
Apesar disso, no depoimento de Emílio Odebrecht, dono da empreiteira, a fala de uma outra pessoa chamou a atenção.
Ao longo da tomada de depoimentos, o proprietário do conglomerado foi falando com naturalidade e desenvoltura sobre a relação dele com presidentes da República.
Disse não ter simpatia por Dilma Rousseff, afirmou que Fernando Henrique Cardoso era um “muquirana”, e fez algumas brincadeiras, falando com naturalidade sobre os processos ilícitos.
Até que a fala mansa e descontraída foi interrompida pela voz do promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes. Que colocou a situação em pratos limpos.
“Vou ser bem honesto com o senhor. O servidor público não pode pedir nada para ninguém. Essa história de doação de campanha é desculpa para se pedir propina e corrupção”, disse.
Emílio Odebrecht fechou a cara. Sérgio Bruno Cabral Fernandes continuou: “quem fez doação de campanha está acobertado pela lei eleitoral. Não tem que colaborar”.
Sérgio Bruno Cabral Fernandes evidenciou o tamanho do prejuízo causado pela corrupção na vida das pessoas: “sou obrigado aqui a trazer o lado podre, o lado ruim”.
Emílio Odebrecht tentava se justificar sobre a “ajuda” que prestava aos políticos que usufruíam do esquema. Sérgio Bruno Cabral Fernandes foi incisivo novamente: “essa ‘ajuda’ se chama propina, só para o senhor saber”.
Sérgio Bruno Cabral Fernandes é promotor do Ministério Público do Distrito Federal e integra a Força Tarefa da Operação Lava Jato desde janeiro de 2015, quando foi designado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para fazer parte do grupo de trabalho.
Confira a reportagem completa de Tiago Muniz:
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