Entre vítimas do acidente, estava pedreiro que queria projetar as próprias obras

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2016 08h09
SP - ÔNIBUS/ACIDENTE/SP - CIDADES - Homenagens na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) às vítimas do acidente que matou 18 estudantes na quarta-feira, 8, na Rodovia Mogi-Bertioga, litoral de São Paulo. O acidente ocorreu no km 84, entre Mogi das Cruzes e Bertioga. Segundo informações dos bombeiros, o motorista perdeu o controle do veículo e colidiu de frente com um rochedo na pista contrária. A União do Litoral, proprietária do ônibus, informou que o tacógrafo do veículo registrou 41 Km/h no momento do acidente e que a máxima permitida na Rodovia é de 60 Km/h. 09/06/2016 - Foto: HÉLIO TORCHI/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO HÉLIO TORCHI / SIGMAPRESS / ESTADÃO CONTEÚDO Colegas das vítimas prestam homenagem na UMC.

 Os sonhos de 17 estudantes terminaram em uma curva de estrada. Eles e o motorista do ônibus que tombou em um grave acidente morreram na noite da última quarta-feira (08) na rodovia Mogi-Bertioga. Quase todos os alunos eram jovens, com idades entre 18 e 26 anos, e da Universidade de Mogi das Cruzes, a UMC, que faziam todos os dias o trajeto entre São Sebastião e Mogi das Cruzes.

Mas havia dois um pouco mais velhos: um deles era a vendedora Sônia Pinheiro de Jesus, de 37 anos, que cursava serviço social, e Damião Nunes Brás, de 36 anos, trabalhador da construção que queria partir para o outro lado do balcão e projetar suas próprias obras com o curso de engenharia civil.

A empregada doméstica Josefa Margarida Braz de Sá se lembra do irmão Damião trabalhador desde os tempos que eles deixaram o nordeste em direção a São Paulo: “A gente começou a trabalhar desde os sete anos de idade. E trabalhamos até hoje. É o sonho que todo nordestino tem, de crescer na vida. Lutar não para enriquecer, mas para ter uma fonte de vida melhor do que a gente tinha lá”.

Josefa e Damião saíram de Mauriti, uma cidade de 44 mil habitantes no sul do Ceará para o litoral paulista. Ela conta que o irmão começou trabalhando na zona hoteleira da cidade e constituiu família em São Paulo: “Ele chegou aqui novo, começou a trabalhar em um hotel, depois casou, continuou trabalhando no hotel, aí começou a fazer construção, se adaptou, gostou e depois começou a fazer engenharia civil, estava no segundo ano de faculdade”. Dona Josefa estava naturalmente triste com a morte do irmão, mas até serena em meio à espera da liberação dos corpos no IML do Guarujá.

Damião Nunes Brás deixa a esposa, um filho de 12 anos e sonhos, como todos os outros que morreram no acidente.

Reportagem: Tiago Muniz

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