“Era uma prática normal na gerência”, diz delator sobre corrupção na Petrobras
Um dos amigos do ex-ministro José Dirceu disse à Operação Lava-Jato que o recebimento de propina na Petrobras era mais comum entre os gerentes da companhia. O lobista Fernando Moura prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro na última sexta-feira (22/01), no processo da Justiça contra Dirceu. Ele chegou a ser preso em agosto do ano passado, junto ao ex-ministro, na fase chamada de Pixuleco, mas depois foi solto após fazer um acordo de delação premiada.
Na audiência, o delator afirma que o esquema de corrupção já teria uma dimensão maior se tivesse começado pelos cargos de coordenação: “Se eles tivessem começado pelas gerências, seria muito maior do que ter começado por cima. Era uma prática normal na gerência da companhia. Descobriram depois”. Moura também detalhou pagamentos de propina ao PT acertados com o ex-secretário da legenda Silvio Pereira. Com relação a José Dirceu, ele negou ter tratado de repasses com o ex-ministro.
O juiz Sérgio Moro também ouviu na sexta-feira outro lobista e delator da Lava-Jato, Julio Camargo, que deu mais detalhes sobre o envolvimento da legenda nas fraudes. Ele afirmou que era frequentemente cobrado nas eleições pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para que as empreiteiras fizessem doações ao partido: “Fiz doações ao PT por solicitação do João Vaccari, que era o cobrador. A cada eleição que acontecia, seja ela municipal ou federal, ele estava na porta: ‘você precisa contribuir, estávamos esperando contribuição de você, está contribuindo pouco’”.
O lobista ainda disse acreditar que Dirceu sabia das cobranças de propina feitas na época pelo diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Fernando Moura, o outro delator, é considerado o principal ponto de ligação entre o ex-ministro e a indicação de Duque para entrar na empresa.
Na segunda-feira (18/01) o ex-diretor foi denunciado pela oitava vez por crimes relacionados ao esquema revelado pela Operação Lava-Jato.
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