Especialista afirma que previsões alarmistas sobre a crise hídrica forçaram “uso mais racional”
O sistema hídrico tem um panorama satisfatório e vive um cenário bem melhor. Previsões de que a região metropolitana de São Paulo sofreria com o desabastecimento de água muitas vezes foram alarmistas, exageradas e acabaram não sendo confirmadas. O professor da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Luis Côrtes, especialista em recursos hídricos e gestão ambiental avalia que a crise hídrica serviu como um aprendizado.
“Hoje talvez fique mais fácil olhar para o passado e apontar erros e acertos, tanto por parte da Sabesp quanto por parte de quem realizou esses prognósticos, porque era realmente uma situação bastante inusitada. As pessoas, os institutos e os cientistas foram aprendendo também com essa crise que se manifestou de uma maneira até então sem precedentes”, afirma o professor da USP.
Segundo Côrtes, hoje a Sabesp dispõe de um modelo de gestão adequado para o enfrentamento de uma crise, todavia o especialista indica que é preciso sempre bater na tecla do uso racional da água a fim de se evitar o desperdício.
“Certamente a Sabesp tem uma condição melhor de gerir o sistema e reconhece isso em documentos que passou para a Agência Nacional de Águas. Hoje, por exemplo, se ela fosse passar pelo início da crise com o conhecimento que tem acumulado, faria uma gestão um diferente e a gente utilizaria menos o volume morto”, analisa. “Enfim, foi um processo de aprendizado de todos, até mesmo da mídia. Pode ter ocorrido exagero, mas vejo que foi no sentido de forçar um uso mais racional, de levar economia e chamar a atenção das pessoas para evitar o agravamento da crise que poderia penalizar ainda mais a população”, completa.
Côrtes ainda enfatiza que os fenômenos El Niño e La Ninã contribuem com a elevação nos níveis dos reservatórios, mas acentua ser imprescindível a participação da sociedade quando se trata da importância de economizar água através do uso consciente.
*Reportagem de Daniel Lian
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