Especialistas veem falta de sensibilidade e muitas negociações em governo Temer

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2016 13h16
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Marcelo Camargo/ Agência Brasil Michel temer - AGBR

Em 12 de maio de 2016, o Brasil teve dois governos no mesmo dia. Um dia em que o país ficou atento ao que acontecia na capital federal. Das 6h35 da manhã, quando o Senado aprovou o afastamento da presidente Dilma Rousseff até às 18h, quando Michel Temer deu posse aos novos ministros, o país ficou ligado em Brasília.

Neste próximo domingo, o governo interino completa um mês, mas os desafios parecem estar apenas começando. Naquela tarde de 12 de maio, Temer prometeu trabalhar para ignorar a crise.

Mas em um curto espaço de tempo, Temer foi obrigado a demitir dois ministros, Fabiano Silveira e Romero Jucá, após a divulgação de gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Temer ainda ganhou a pecha de hesitante após voltar atrás em relação à extinção do Ministério da Cultura. O estigma irritou o presidente interino: “Eu ouvi aqui “mas o Temer está muito frágil, coitadinho, não sabe governar”, conversa! Eu fui secretário da Segurança Pública duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos. Então eu sei o que fazer no governo e saberei conduzir. Agora meus caros, quando eu perceber que houve um equívoco na fala, um equívoco na condução do governo, eu reverei essa posição. Não tenho essa coisa de não errei, não aceito errar. Posso estar errado, procurarei não errar, mas se o fizer, consertá-lo-ei”.

Batendo na mesa e usando mesóclise, Temer obteve vitórias neste primeiro mês. Aprovou duas medidas difíceis de passar no Congresso Nacional: a mudança da meta fiscal e o aumento da desvinculação das receitas da União. O fato do congresso, um ambiente hostil ao PT ultimamente, colaborar com o presidente interino tem relação com a equipe ministerial que foi formada.

O doutor em ciência política da UNB, Leonardo Barreto, destaca que o único propósito desse governo é estabilizar a economia. E isso tem suas consequências: “Ele teve que fazer um pacto, uma negociação muito nítida, muito visível, que é nomear notáveis para a economia e nomear notórios para a política. Ele está oferecendo ao Congresso e aos partidos políticos tudo o que eles querem”.

Entre as contrapartidas que Temer teve que fazer, está a nomeação do investigado André Moura, aliado de Eduardo Cunha, à liderança do governo na Câmara. Mas também foi no Congresso Nacional onde o ajuste fiscal deslizou, como a aprovação do reajuste a servidores, feita com aval do presidente.

A economista Zeina Latif reconhece o pragmatismo da política, mas afirma que a decisão mostra uma insensibilidade do governo e dos parlamentares: “Essas sinalizações recentes do governo foram ruins, passam um ideia de um governo que ainda está procurando o seu caminho. Do ajuste do funcionalismo, em um momento com este, passa uma ideia de insensibilidade dos políticos, e aí não é só do governo, afinal foi aprovado na Câmara, em relação à dramaticidade do mercado de trabalho”.

Não foi um primeiro mês fácil para Michel Temer, tanto que o fantasma do ‘volta, Dilma’ está assombrando o Palácio do Jaburu. Nos bastidores do governo interino, está sendo feito o diagnóstico de que, enquanto o julgamento no Senado não for finalizado, as instabilidades continuarão. A equipe que comanda o país desde 12 de maio está com um olho no futuro do Brasil e o outro destino do pedido de impeachment no Congresso Nacional.

Confira a reportagem do Victor LaRegina:

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