“Eu vejo o Levy como um Dom Quixote enfrentando os moinhos ideológicos”, diz economista

  • Por Jovem Pan
  • 17/12/2015 10h23
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 16-10-2012: Carlos Langoni, diretor da FGV (Fundação Getulio Vargas), durante entrevista no Global Economic Symposium, no Rio de Janeiro (RJ). (Foto: Aline Massuca/Valor/Folhapress) Valor / Folhapress Carlos Langoni

 Para Carlos Langoni, economista e ex-presidente do Banco Central, o ministro Joaquim Levy perde a batalha da meta que gostaria para a economia: “Eu vejo o Levy como um Dom Quixote enfrentando os moinhos ideológicos e políticos. Infelizmente, parece que ele foi derrotado, não conseguiu emplacar a primeira meta, um superávit primário de 1,1%, e a meta do ano que vem continua sendo nebulosa. O governo parece que gostaria de zerar esse superávit para o ano que vem, o que seria, na minha opinião, um desastre”.

O economista defende uma guinada liberal para a recuperação da economia: “Essa crise que estamos vivendo é a falência do estado, do ponto de vista como gestor e financeiro. Precisa de uma guinada liberal como saída”. Sobre um possível mandato de Temer, caso o impeachment de Dilma Rousseff aconteça, o especialista afirma que é preciso aguardar os nomes que serão indicados para as áreas econômicas, saber se terão uma base sólida no Congresso e, assim, resolver a questão da governança do país. Ele acredita que a economia só deve voltar a se recuperar em 2017, de forma gradual.

Sobre o rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela Fitch, Langoni fiz: “O efeito é relativamente pequeno, o dólar já está em um patamar bastante estressado, movido por fatores políticos mais do que econômicos. Os fundos de pensão dos Estados Unidos e europeus têm por regra não comprar títulos de países sem grau de investimento, então eles não estão comprando mais, mas não saíram vendendo de forma desesperada. O fato do Brasil ter adotado uma política de juros elevados ajuda, é uma taxa de 7%, uma das mais elevadas do mundo. O impacto não é muito grave do ponto de vista macro, mas cria impacto nas empresas, principalmente as endividadas. Reforça a tendência de tornar mais complexa, mais lenta e difícil a saída dessa combinação perigosa de recessão e inflação”.

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