Ex-embaixador prevê cláusulas rigorosas para a saída do Reino Unido da UE
Em entrevista à Jovem Pan, o ex-embaixador e presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, Rubens Barbosa, falou que, se confirmada a saída do Reino Unido da União Europeia, o bloco fará cláusulas rigorosas para evitar outras saídas: “Eles vão procurar manter a situação, negociar com o Reino Unido e colocar cláusulas muito duras na negociação para evitar que outros países saiam”.
Barbosa não acredita que intenção de sair terá consequências imediatas, e ressalta que o Brasil perderá um grande aliado no bloco europeu: “Imediatamente os mercados reagiram , mas no próximo ano acho que do ponto de vista concreto, muito pouca coisa vai mudar. (…) A instabilidade econômica financeira dos mercados vai durar alguns dias, depois se estabiliza. Para o Brasil, como eu disse, não vai ter efeito imediato, mas quando o Reino Unido sair, vamos perder um aliado, porque o Reino Unido tem uma posição mais aberta, menos protecionista, menos controladora, como tem a França e outros países da Europa”.
Movimentos populistas têm crescido na Europa e, com as eleições na França e na Alemanha em 2017, o diplomata diz que o bloco tentará manter a coesão, mas acredita em uma eventual saída da Escócia do Reino Unido poderá ocorrer: “Vai ter eleições na França e na Alemanha, e há movimentos de saída crescentes na Europa, através de políticos populistas que ganharam corpo, mas não acredito que haja um movimento de saída. A UE vai negociar para não ter saída de outros países. (…) O movimento de independência da Escócia perdeu por pouco, agora, se a saída do Reino Unido se efetivar, talvez a Escócia faça um novo referendo para se independizar”.
O ex-embaixador também ressaltou que o comportamento da Inglaterra sempre foi diferente do restante da Europa, sobretudo em relação aos imigrantes: “Acho que eles vão tornar a legislação mais rígida, sobre a movimentação de pessoas. No Reino Unido não são imigrantes do Oriente Médio, são da Europa mesmo, de países da Europa Oriental. (…) Um dos fatores mais importante, é a questão do emprego. Eles ocupam o lugar de ingleses que poderiam trabalhar, sobretudo no interior”.
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