Falta de alimentos, filas e linchamentos são rotina na Venezuela

  • Por Jovem Pan
  • 02/06/2016 13h43
CAR103.- CARACAS (VENEZUELA) 01/05/2016.- Miembros de la Policía Nacional Bolivariana (PNB) custodian el orden público de una fila de personas que aguardan para poder entrar a un supermercado y comprar productos hoy, miércoles 1 de junio de 2016, en Caracas (Venezuela). La falta de agua, escasez de alimentos y de medicinas son algunas de las causas por las que hoy se han registrado varias protestas en Venezuela, algunas de ellas reprimidas por las fuerzas policiales del Estado. EFE/MIGUEL GUTIÉRREZ EFE Fila para mercado na Venezuela

Falta de alimentos, repartições públicas fechadas, violência endêmica e até linchamentos a céu aberto. A crise na Venezuela não é só econômica e política, mas também social. A deterioração do preço mundial do petróleo, a crise energética e a maior inflação do mundo deixam a rotina do venezuelano infernal.

Gustavo Jarussi trabalha em um hotel de luxo na capital Caracas e é vice-presidente da associação de hotéis cinco estrelas do país. Ele, como muitos brasileiros que moram na Venezuela, observa com muita preocupação os rumos que o país está tomando: “São filas diárias de mais de 5 ou 6 horas, famílias que levam filhos na fila porque não tem com quem deixar, filhos faltam nas escolas e nos hospitais faltam medicamentos”.

Ocorrem cerca de 17 protestos espontâneos por dia a favor e contra o presidente Nicolás Maduro e 107 saques foram realizados nos primeiros três meses do ano.

A engenheira ambiental Carolina Guimarães, que é filha de brasileiros, destacou outro fenômeno da crise social, os linchamentos: “A força policial faz o seguinte, prendem um cara, e dois ou três dias depois liberam. O pessoal já não está tolerando isso. Quem estiver roubando ou fazendo alguma coisa, o pessoal da comunidade lincha”.

A crise energética também é grande. Tanto que as repartições públicas estão abrindo em apenas dois dias durante a semana para fazer racionamento.

O correspondente do jornal Folha de São Paulo em Caracas, Samy Adghirni, descreve que o símbolo da recessão no país são as filas: “A vida aqui é um inferno, as pobres pessoas que ficam horas e horas na fila para poder comprar um saco de farinha, um frango. É uma inflação que afeta não só os mais pobres, como tradicionalmente afeta, mas também a classe média, restaurantes estão cada vez mais vazios, academias de ginástica também vazias”.

Samy acompanha de perto a pressão internacional que os chavistas sofrem. A Organização dos Estados Americanos ameaça tirar o país do fórum regional, e Nicolás Maduro respondeu com classe: pediu que o secretário-geral da OEA, Luís Almagro, coloque a carta democrática em um tubo e a enfie onde quiser.

Em meio a um furacão político, Carolina, Gustavo e Samy torcem por uma saída tranquila da crise venezuelana. Gustavo Jarussi, que vive do turismo de lazer e de negócios no país, espera por pelo menos uma solução tranquila: “Sendo partido A ou B, falo como brasileiro e não como partidário político da Venezuela, essa situação é bastante tensa e tem que ser trabalhada com bastante cuidado”.

Em um país em que 71% dos cidadãos reprovam o governo chavista, os brasileiros esperam que a democracia prevaleça. O país que tem um índice de pobreza de 76% e um crescimento negativo de 10% quer voltar a sorrir.

Confira a reportagem do Victor LaRegina:

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