Força do El Niño preocupa produtores das regiões Sul e Cerrado

  • Por Mariana Grilli/Jovem Pan
  • 26/08/2015 19h27
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FOTO: Reprodução Produção de cana-de-açúcar deve subir e atingir 580 milhões de toneladas na próxima safra

O fenômeno El Niño, conhecido por provocar mudanças climáticas e ditar os caminhos do agronegócio, já começou a se manifestar no Oceano Pacífico. O aquecimento da água provoca temperaturas elevadas em toda a atmosfera e ventos quentes se espalham por todo o globo. Esperado apenas para setembro, as fortes chuvas de julho na região Sul compravam a chegada antecipada do El Niño.

“Seja num El Niño mais forte ou mais modesto, o efeito é semelhante. Aqui no Brasil, há uma mudança na direção e intensidade dos ventos e isso faz com que as chuvas fiquem mais concentradas sobre a região Sul e mais dispersas, menos intensas, sobre áreas Norte e Nordeste”, explica o meteorologista da Somar Meteorologia, Celso Oliveira.

De acordo com ele, na década de 90 foram registrados fenômenos frequentes e de menor duração. Este curto intervalo de tempo entre uma e outra movimentação climática resultou a duração total de cinco anos do El Niño. Atualmente, o fenômeno têm durado cerca de seis meses, mas ainda assim preocupa agricultores, que estão receosos quanto à estiagem ou ao alagamento de terras.

Apesar do clima instável, o setor se mantém confiante e o produtor deve investir, conforme defende o membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e engenheiro agrônomo, Dirceu Gassen. Ele acredita que organização prévia é a receita para colheita positiva, sem quebra de safra, e obtenção de balança favorável.

“Para a cultura de verão, milho e soja, há uma expectativa de colheita cheia. Portanto, é momento de investir, de fazer bem feito, de planejar os processos de produção com qualidade. Isso porque, na teoria, o que os meteorologistas estão prevendo é uma quantidade de chuva maior, ou seja, garantia de produção”, afirma Gassen.

Quem também não enxerga prejuízos e encoraja o produtor é Fernando Muraro, analista de Mercado da AgRural Commodities Agrícolas. Ele afirma que para a agricultura do Cerrado, especialmente acima de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Bahia, o El Ninõ deve prorrogar o número de chuvas e, por consequência, o plantio no mês de setembro.

“No mês de julho, choveu um pouquinho no Mato Grosso, mas dificilmente a gente vai implantar as lavouras em setembro, devemos implantá-las a partir da segunda quinzena de outubro. Isso não vai afetar a plantada, apenas a maneira de cultivar, que deve ter planejamento”, assegura Fernando Muraro, analista de Merca do da AgRural Commodities Agrícolas.

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