Frio faz vítimas fatais em São Paulo

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2016 09h46
São Paulo - Pessoa em situação de rua dorme na rua São Luís, região central (Rovena Rosa/Agência Brasil) Rovena Rosa / Agência Brasil Moradores de rua no frio

Um morador de rua foi internado nesta terça-feira (14) com hipotermia grave, quando a cidade ainda estava em estado de alerta pelo frio. A mínima na capital foi de 3°C. Antônio Carlos Dias, de 50 anos, foi socorrido ao Hospital da Vila Alpina, também na zona leste. Ele dormia ao lado do viaduto Bresser quando colegas tentaram acordá-lo pela manhã.

Essa não foi a primeira vez que Antônio, que já recebeu alta, passou por um susto. Segundo sua companheira, Leni Souza, quando ele bebe para se esquentar, esquece-se também de se agasalhar, o que pode ser um descuido fatal.

Segundo a Pastoral do Povo na Rua, já são cinco as vítimas do frio em São Paulo neste inverno. A prefeitura não confirma esse dado, já que os laudos do IML não apontam hipotermia como causa morte. O padre Júlio Lancellotti lamenta a omissão do poder público: “A questão da hipotermia não é um elemento que está nos exames necroscópicos do IML, então sai como insuficiência cardiorrespiratória aguda, mas essa é uma das causas, as pessoas morrem em consequência do frio. Elas estão deitadas em uma folha de papelão, com uma coberta tênue, sem agasalho, e nas noites de temperatura baixa recorde. Não é coincidência. Eles (a prefeitura) não demoram, eles não assumem. Dizem que a causa é outra patologia, que a pessoa que não quis ir para o abrigo, dizem que estão embriagadas, são rebeldes, que vivem de mendicância. É vergonhoso ouvir isso de representantes do poder público”.

Outra reclamação da população de rua é a conduta da Guarda Civil Metropolitana que tem levado carroças com objetos pessoais e cobertores dos moradores. A moradora de rua, Ana Paula de Jesus Souza, admite que precisa refazer todo seu estoque de roupa e comida a cada passagem do que ela chama de “rapa”: “Eles levaram minha carroça na covardia, levaram roupas do meu marido. (…) Nós não recuperamos nada, tinha coisas boas lá, panela de pressão, panela elétrica. Logo logo eu vou alugar minha casinha com fé em Deus”.

Segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social mais de 240 mil acolhimentos foram realizados no último mês. Apenas no final de semana dos dias 11 e 12, a prefeitura acolheu por dia, em média, 11 mil moradores em situação de rua.

Confira a reportagem da Carolina Ercolin:

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