Governo Dilma perde mais um ministro
Thomas Traumann
Thomas TraumannReinaldo, Thomas Traumann caiu. Foi por bons ou maus motivos?
Eis um enigma. Thomas Traumann não é mais ministro da Comunicação Social. Oficialmente, pediu demissão. Na verdade, foi demitido. Saiu citando Paulinho da Viola. Disse apelando à poesia: “Vou imprimir novos rumos/ ao barco agitado que foi minha vida./ Fiz minhas velas ao mar,/ disse adeus sem chorar/ e estou de partida./ Todos os anos vividos/ são portos perdidos que eu deixo para trás. /Quero viver diferente,/ que a sorte da gente/ é a gente que faz”.
Citação razoável para uma causa ruim. Traumann foi demitido por seus próprios méritos. Poderia ser por bons motivos, mas creio que terá sido pelos maus. Isso não depõe a favor dele, mas contra o governo. Nota antes que continue: havia uma convocação para que ele falasse no Senado sobre o documento aloprado da Secom que veio a público. A convocação foi trocada por um convite. Que a demissão não o impeça de se explicar.
Falei ontem à noite com o senador Aloísio Nunes Ferreira, o autor do pedido. Ele me assegurou que Traumann vai sim ao Senado. Agora os motivos. No tal documento, Traumann escreveu algumas irrelevâncias. Disse que há um “caos político” no país, o que é um óbvio exagero, e que o governo errou a mão na comunicação. Também reconheceu, em outras palavras, que é difícil haver bom trabalho nessa área quando o governo é ruim. Estou cantando e andando para essas coisas. Acho menos importante, embora relevante, até mesmo a admissão do uso de robôs na Internet. O que me interessa naquele documento é a admissão de que o governo comete crimes. E, claro!, não foi Traumann quem começou. Ele deu continuidade.
Lá se admite que o governo recorre à mão de obra de mercenários, os blogs sujos, para fazer seu trabalho de difamação de adversários. Ou nos termos do texto: o Planalto fornece “munição” para ser “disparada” por “soldados de fora”. Mais: propõe-se abertamente que a Constituição seja violada e que a propaganda federal em São Paulo sirva para alavancar a popularidade de Fernando Haddad. E, finalmente, prega-se que estruturas do estado – Voz do Brasil e Agência Brasil – e instrumentos partidários (o blog da Dilma) estejam submetidos a um controle único.
Trata-se de práticas criminosas. Traumann sai. Quem entra no lugar? É claro que dá para piorar. Se saiu por bons motivos, Dilma porá no cargo alguém que vai dar um fim a essas delinquências políticas. Se caiu por maus motivos, só foi demitido porque revelou o que deveria ter ficado escondido.
Vamos ficar vigilantes, não é mesmo? Cada vez mais está claro aos brasileiros que “a sorte da gente é a gente que faz”. É a novidade que está nas ruas e que o PT insiste em não enxergar. Que continue a não entender nada. É um bom caminho para a extinção.
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